A alta de 0,75% na inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em março foi a maior para o mês desde 2015, quando havia subido 1,32%, informou nesta quarta-feira, 10, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

continua após a publicidade

Considerando todos os meses, o IPCA de março foi o mais alto desde junho de 2018, quando subiu a 1,26%, sob impacto da greve de caminhoneiros, explicou Fernando Gonçalves, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE. Em março de 2018, o IPCA foi de 0,09%.

continua após a publicidade

Com o resultado mensal, a taxa acumulada em 12 meses pelo IPCA subiu de 3,89% em fevereiro para 4,58% em março, o resultado mais elevado desde fevereiro de 2017, quando estava em 4,76%.

continua após a publicidade

Alta concentrada

A aceleração da inflação medida pelo IPCA em março foi um movimento concentrado em aumentos nos grupos Alimentação e Transportes, afirmou Fernando Gonçalves. “(A alta) Foi concentrada, não disseminada”, disse Gonçalves.

Os gastos das famílias com Transportes subiram 1,44% em março, resultando num impacto de 0,26 ponto porcentual no IPCA do mês. Já o grupo Alimentação e bebidas teve elevação de 1,37%, o equivalente a uma contribuição de 0,34 ponto porcentual para a inflação. Juntos, as duas classes de despesa responderam por 80% da inflação de março.

“São os dois grupos que pesam mais no IPCA, somam 43% das despesas das famílias”, lembrou Gonçalves.

Os custos da alimentação fora de casa subiram apenas 0,10% em março. No entanto, os alimentos para consumo no domicílio aumentaram 2,07%. As famílias pagaram mais pelo tomate (31,84%), batata inglesa (21,11%), feijão carioca (12,93%) e frutas (4,26%).

Segundo Gonçalves, as questões climáticas explicam os aumentos de preços dos alimentos. “Se chove muito estraga, se fica muito quente também estraga”, lembrou o pesquisador.

No caso do feijão carioca, o preço subiu 105,00% apenas no primeiro trimestre de 2019, a maior alta para o período desde a implantação do Plano Real.

“Na primeira safra de feijão carioca, teve problema de estiagem no Sul. O feijão carioca é o mais consumido no Brasil. Esse produto só tem no País, só nós produzimos esse feijão, não importamos. Então, houve problema de oferta”, explicou Gonçalves.