Rio (AE) – A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), fechou o ano de 2006 com alta de 2,06%. A taxa anual é a menor desde o início da série para o ano, em 2004. Em dezembro, o IPC-S ficou em 0,63%, acima das estimativas de mercado, pressionado pelos reajustes de tarifas de transportes. Em novembro, a taxa havia sido de 0,27%.
André Braz, coordenador do IPC-S Brasil da FGV, explicou que o câmbio teve forte influência na contenção de preços no ano passado. Em 2005, o IPC-S havia acumulado alta de 4,93% e em 2004, de 6,27%. Ele exemplificou que os produtos eletrônicos, nos quais é direta a influência da cotação do dólar, registraram queda acumulada nos preços de 16,33% em 2006.
Segundo Braz, assim como deverá ocorrer em 2007, no ano passado foram os não-comercializáveis (serviços como educação, cabeleireiro, lavanderia) que mais pressionaram a inflação, com variação significativa em grupos como saúde e cuidados pessoais (5,45%) e educação, leitura e recreação (2,80%). ?Os não-comercializáveis são mais difíceis de controlar, já que estão relacionados à demanda e renda?, disse.
Segundo ele, o câmbio terá menos poder de contenção dos preços neste ano. ?Como não deverá ocorrer variação significativa no câmbio, muitos dos benefícios do dólar neste patamar atual para a inflação foram antecipados em 2006?, afirma. No entanto, ele diz que mesmo com alguma pressão sobre os preços no início do ano, não há nenhum sinal de problemas que possam vir a comprometer a meta de inflação estabelecida pelo Banco Central para 2007, exatamente igual à do ano passado, que consiste em Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, calculado pelo IBGE) de 4,5%.
Transportes
Em dezembro, o grupo de transportes, com alta de 3,42%, foi responsável, sozinho, por 0,43 ponto, ou quase 70% do IPC-S do mês. Segundo Braz, além do impacto do reajuste de táxi, metrô, ônibus urbanos e vans em São Paulo, esse grupo foi pressionado também pela queda no ritmo de deflação do álcool combustível e da gasolina, que mantiveram recuo de preços, mas em menor intensidade. Braz acredita que o IPC-S da primeira semana de janeiro, a ser divulgado na próxima segunda-feira, será pressionado especialmente pelos grupos de educação e transportes. Ele adiantou que a expectativa é que as mensalidades escolares subam entre 8% e 10% no início deste ano, rompendo um comportamento de anos anteriores, em que o reajuste ficou perto da inflação.
No caso dos transportes, ele disse que ainda haverá algum impacto dos reajustes ocorridos em São Paulo – ainda que em menor intensidade do que em dezembro – e, ainda, dos recentes reajustes do metrô no Rio e de táxis em Belo Horizonte.
