Rio (AE) – Após oito quedas consecutivas, terminou na última semana de julho o mais longo ciclo de deflação da história do Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), criado em janeiro de 2003. Pressionado pelo fim das variações negativas de preço dos alimentos – que passaram de -0,35% para 0,14% – e pela alta nos preços dos combustíveis, o indicador subiu 0,06% na semana de 23 a 31 de julho.
O resultado ficou acima das expectativas do mercado financeiro e do número registrado na semana anterior (-0,04%). A tendência é de que a taxa, divulgada ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), continue em aceleração durante o mês de agosto.
Segundo o economista André Braz, um dos coordenadores da pesquisa, os preços dos alimentos também registravam longa trajetória negativa, com uma seqüência de nove quedas, até a elevação anunciada ontem. O grupo foi pressionado pela disparada nos preços das frutas, cuja elevação mais do que dobrou (de 4,01% para 8,54%) da terceira para a quarta semana de julho. Entre os destaques, o economista citou mamão papaia (48,53%); manga (22,23%) e limão (16,30%).
?O grupo alimentação respondeu por 67% do total do IPC-S?, disse o economista. Além das frutas mais caras, o indicador também foi influenciado pelo enfraquecimento na queda de preços em carnes bovinas (de -1,17% para -0,39%). Isso porque os preços das carnes no atacado estão em alta, devido à proximidade do período de entressafra, cenário que já começa a se refletir nos preços para o consumidor, de acordo com Braz.
Outro fator que contribuiu para elevar o indicador foi o comportamento dos preços dos combustíveis. Após 11 semanas em queda, o álcool combustível voltou a subir no varejo, com alta de 0,63%, ante deflação de 0,59% apurada no indicador anterior, de até 22 de julho. ?O preço do álcool registrou quedas sucessivas nos últimos três meses. Em maio, junho e julho, a queda acumulada chegou a 18,15%?, afirmou.
?Há uma grande procura por álcool, tanto no mercado externo quanto no interno?, disse, lembrando que, no mercado doméstico, quanto mais cresce a frota de carros flex maior é a demanda por álcool. O comportamento dos preços do álcool puxou para cima a gasolina, que tem 20% do produto em sua formação: o preço subiu 0,31% na última semana de julho, ante queda de 0,15% na semana anterior.
O núcleo da inflação no varejo em julho subiu 0,11%, ante alta de 0,04% em junho. O indicador é usado para mensurar tendências e calculado a partir da exclusão das principais quedas e das mais expressivas altas de preço no varejo. Mas, de acordo com Braz, a aceleração não é preocupante. ?A taxa do núcleo continua muito baixa. Se repetíssemos essa taxa de 0,11% em 12 meses, teríamos uma inflação de 1,33% ao ano. É muito pouco?, afirmou. ?O núcleo nos mostra um cenário bem tranqüilo, sem preocupações para se atingir a meta (inflacionária).?