A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) de agosto, que atingiu 0,32% ante 0,37%, surpreendeu o coordenador do indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti, que estimava algo na faixa de 0,40%. O dado também veio menor que a mediana da pesquisa do Projeções Broadcast, de 0,34% (previsões de 0,25% a 0,44%). “É uma boa notícia. A classe de despesa de alimentos, que sempre acaba definindo a dinâmica de curto prazo, ficou praticamente estável, mas na abertura do grupo tem histórias diferentes”, avaliou. Em agosto, o grupo Alimentação ficou em 0,69%, após 0,70% na terceira quadrissemana. Em julho, a taxa foi de 0,39%.

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Também surpreendeu o economista a aceleração do IPC-S acumulado em 12 meses até agosto, de 8,48% ante 8,37% em igual período terminado em julho. Segundo ele, trata-se da primeira aceleração desde janeiro deste ano, quando a inflação acumulou 10,59%. “Acredito que é pontual, pois a taxa de agosto de 2015 foi excepcionalmente baixa (0,22%). Não invalida a clara dinâmica de desaceleração da inflação”, afirmou.

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Picchetti explica que outros componentes do IPC-S reforçam a percepção de alívio do indicador, dentre eles a medida de núcleo e o índice de difusão – que mede o quanto a alta de preços está espalhada. O núcleo do IPC-S ficou em 0,47% no mês passado, depois de 0,52%, acumulado em 12 meses 7,93% (ante 8,05%). Já a difusão alcançou a marca de 55,59%, sendo a menor desde julho de 2013 (49,71%). “A taxa acumulada em 12 meses do IPC-S pode causar preocupação (no mercado) no sentido de que a previsão para o ano não seja atingida, mas deve ser, sim”, disse.

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A expectativa para o IPC-S fechado de 2016 segue em 7,30%, na comparação com 10,53% de 2015. Conforme Picchetti, a trajetória de arrefecimento dos preços administrados, que saiu de 30,3% em janeiro deste ano para 11,51% em agosto, explicará boa parte do alívio do IPC-S de 2016. O risco, disse, são os preços dos alimentos, que podem voltar a surpreender para cima, especialmente por causa das frutas que estão avançando.

Já os preços do leite e feijão estão recuando mais de 3% nas pesquisas de ponta (recentes) da FGV. Em agosto, o leite longa vida desacelerou para 4,33%, depois de 8,45% na terceira leitura do mês, enquanto o feijão carioca teve queda de 0,17% ante alta de 4,92% na terceira. “Já darão um bom alento ao IPC-S), estimou. Por outro lado, algumas frutas estão avançando. O mamão, por exemplo, ficou 44,37% mais caro em agosto e, na ponta, sobe mais de 40%, adiantou Picchetti. “Ou seja, dentro do grupo Alimentação, há histórias diferentes, com as frutas subindo e hortaliças e legumes podem ajudar a aliviar”, reforçou, acrescentando que o preço da batata caiu 12,62% em agosto, porém o tomate voltou a subir (4,83%).

Setembro

Para setembro, a projeção de Picchetti é de que o IPC-S feche em 0,30%. Se a taxa for confirmada, o acumulado em 12 meses voltará a desacelerar, para 8,35% ante 8,48% em igual período até agosto. Isso porque no nono mês de 2015, o índice ficou em 0,42%, em razão de pressão em alimentos e em itens relacionados ao dólar. Segundo ele, a expectativa de que o câmbio continue mais moderado também ajudará a conter o IPC-S.

“Difícil não atribuir à estabilidade do câmbio a desaceleração dos preços industrializados e comercializáveis em agosto”, disse Picchetti. No oitavo mês do ano, o segmento de industrializados atingiu 0,22%, após 0,53%, enquanto os comercializáveis ficaram em 0,11%, após 0,28%.