IPC-S da 3ª quadrissemana tem 1ª deflação desde 2011

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da terceira quadrissemana de julho (23 de junho a 22 de julho), de -0,11%, não registrava deflação desde a primeira quadrissemana de agosto de 2011 (-0,01%), informou nesta terça-feira, 23, o coordenador do índice e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Paulo Picchetti. “O grande responsável pela volta da deflação, junto com a queda nas tarifas de ônibus, foi o recuo nos preços de Alimentação”, definiu Picchetti. Na segunda quadrissemana do mês, o IPC-S havia mostrado alta de 0,07%.

O coordenador do IPC-S salientou que, “não coincidentemente”, o grupo Alimentação (-0,42%) atingiu o menor patamar também desde a primeira quadrissemana de agosto de 2011, quando havia recuado 0,48%. O comportamento desta classe de despesa na terceira leitura de julho teve como destaques Frutas (-5,10%) e Hortaliças e Legumes (10,80%). Individualmente, a deflação destes subgrupos sofreu influências principais da manga (-9,94%) e do tomate (-31,66%), respectivamente.

Picchetti explicou que a força da deflação dos in natura, em Alimentação, acabou prevalecendo ao avanço dos preços de Laticínios (+2,83%), determinado por leite longa vida (+5,72%). O item, por sua vez, sente os efeitos do período de entressafra da pecuária, que também faz subir carnes bovinas (0,26%). “Alimentação em geral tem tendência de queda, mas não deve manter o mesmo ritmo pelo o que vêm mostrando as pesquisas de ponta (semanais). O ritmo de baixa do tomate, por exemplo, já é menor”, disse. O pesquisador afirmou ainda que, no caso das frutas, há uma divisão de forças, mas o saldo líquido sinaliza esgotamento do atual ritmo de deflação. “Mas Alimentação ainda vai fechar o mês com queda”, previu.

Por outro lado, Transportes, que aceleraram a queda de -0,44% para -0,80%, devem cair ainda mais no encerramento de julho, ainda sob o impacto de tarifas de ônibus – item que teve declínio de 3,07% na terceira medição do mês -, e a despeito da previsão de deflação menor dos preços de combustíveis à frente. Picchetti observou que parecem estar chegando ao fim os efeitos benignos da entrada da safra de cana sobre o etanol. No IPC-S divulgado hoje, etanol cedeu 1,07% e gasolina, 0,19%.

O pesquisador afirmou que o grupo Transportes teve impacto de -0,14 ponto porcentual no IPC-S. “Não fosse a questão das tarifas, e um pouquinho dos combustíveis, não teríamos deflação, mas um índice próximo de zero”, disse. Portanto, ele recomendou cautela na avaliação da deflação do indicador, porque o impacto benigno da tarifa de ônibus se encerrará na próxima semana.

Mas Vestuário (-0,54%) deve apresentar deflação menor no fechamento ante a terceira apuração. Para Picchetti, a reversão forte de temperatura nesta semana pode pressionar os preços das roupas de inverno.

Em resumo, Picchetti avalia que os três grupos do IPC-S que atualmente estão com deflação – Alimentação, Transportes e Vestuário – devem fechar o mês em queda, mas com ritmos diferentes do atual. “Transportes ainda deve cair mais, Alimentação é difícil dizer e Vestuário, menos”, resumiu.

A expectativa do coordenador de IPC-S em -0,05% no fechamento de julho foi mantida. “Mas, com a queda forte que estamos vendo em Vestuário, pode ser que feche perto da mesma variação desta semana”, ponderou. Entretanto, prosseguiu, “não acredito que a deflação ganhe muita força daqui para frente”. “Agosto vai ser uma história diferente”, comentou. Para 2013, o coordenador prevê IPC-S em 5,70%.

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