O custo de vida para famílias curitibanas com renda entre um e quarenta salários mínimos subiu 0,60% em agosto, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) divulgado ontem pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), órgão vinculado ao governo do Estado. O índice ficou 0,08 ponto percentual superior ao de julho (0,52%) e 0,30 ponto percentual acima de julho de 2001 (0,30%). De janeiro a agosto, o IPC teve variação de 4,47% – contra 3,71% no mesmo período do ano passado. Nos últimos doze meses, o acumulado é de 6,67% – ante 4,91% nos doze meses anteriores a agosto de 2001.

A elevação do IPC no último mês foi puxada pelos grupos Alimentos e Bebidas (1,92%) e Habitação (1,19%). Também ocorreram variações positivas em Artigos de Residência (0,72%), Transporte e Comunicação (0,59%), e Saúde e Cuidados Pessoais (0,80%). Somente dois grupos apresentaram quedas: Vestuário (-2,87%) e Despesas Pessoais (-0,21%). “Se não houvesse a queda em Vestuário, o índice geral teria sido 0,80%”, aponta o economista Gino Schlesinger, técnico do Ipardes.

Entre os alimentos, os maiores aumentos de preços foram: pão francês (11,51%), farinha de trigo (14,78%), frango inteiro resfriado (6,59%) e óleo de soja (0,89%). “As altas refletem a desvalorização cambial”, assinala Schlesinger. Porém o item que mais contribuiu para a inflação de agosto foi a energia elétrica residencial, com incremento de 7,05%, que impactou o resultado do grupo Habitação. Segundo o economista do Ipardes, esse aumento é decorrente do reajuste de 10,96% nas tarifas da Copel, autorizado pela Aneel em 24 de junho, mas que só em agosto atingiu integralmente as faturas.

Com pressões negativas no IPC de agosto, aparecem: excursão não-escolar (-13,24%), botijão de gás (-8,74%), agasalho masculino (-18,58%) e gasolina (-1,56%). Apesar da queda, o gás de cozinha registra aumento de 14,59% neste ano na capital paranaense, sendo 6,76% de alta somente nos últimos três meses. Schlesinger destaca que a redução do preço da gasolina reflete as três primeiras semanas de agosto, quando os postos adotaram preços promocionais. “Com a cartelização na última semana do mês, todos os postos tiraram os descontos e aumentaram o litro em 5%, em média”, salienta.

Perspectivas

“Se os preços da gasolina continuarem no atual patamar, terão cerca de 4% de aumento em setembro, sendo um dos poucos itens a pressionar o índice – em 0,08 ponto percentual”, considera o técnico do Ipardes. A gasolina tem peso de 2,49% no orçamento das famílias curitibanas com renda mensal entre um e quarenta salários.

Nos alimentos, a projeção é de queda. “Os impactos da desvalorização cambial já foram absorvidos pelo grupo, mas pode ocorrer pressão de alguns produtos in natura por causa das geadas”, comenta Schlesinger. Do peso de 19,9% do grupo Alimentos e Bebidas, os produtos in natura contribuem com apenas 1,85%. Em setembro, não há nenhuma pressão de tarifas públicas. “A queda do grupo Vestuário vem diminuindo. A tendência é estabilizar e deixar de pressionar o índice para baixo”, frisa a economista Maria Luiza Castro Velloso, coordenadora do IPC. Nesse cenário, a estimativa é que o IPC desse mês fique próximo de 0,35%.

Para fechar 2002 em 6%, como o Ipardes projetava no início do ano, os índices mensais do IPC não podem ser superiores a 0,35%. Mas os técnicos já admitem que esse ano a inflação em Curitiba passe do teto de 6% da meta de inflação do governo federal. No ano passado, o IPC fechou em 5,90%, com variação de 0,64% em dezembro.

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