A inflação sentida pelas famílias mais pobres ganhou força no terceiro mês deste ano. É o que mostra o Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), calculado com base nas despesas de consumo das famílias com renda de um a 2,5 salários mínimos mensais (de R$ 465,00 a R$ 1.162,50). O indicador subiu 0,51% em março, mais que o triplo da taxa apurada em fevereiro, que foi de 0,16%, segundo informações anunciadas hoje pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com esse resultado, até março, o índice acumula alta de 1,40% em 2009 e avanço de 6,52% nos últimos 12 meses.
Segundo a FGV, o IPC-C1 foi inferior à inflação medida para o mesmo período pelo Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-BR), referente a famílias mais abastadas, com ganhos entre um e 33 salários mínimos (de R$ 465 a R$ 15.345), e que subiu 1,66% no mesmo período. Entretanto, na taxa acumulada em 12 meses, o IPC-C1 ainda é mais elevado do que o apurado para o mesmo período pelo IPC-BR, que avançou 6,32% no período. Porém, o resultado de março do IPC-C1 foi menor do que a taxa mensal do IPC-BR para o mesmo mês, que teve alta de 0,61% no terceiro mês deste ano.
O término da deflação nos preços dos alimentos, que passou de -0,01% em fevereiro para 0,87% em março levou à taxa maior do IPC-C1. Segundo a FGV, nesta classe de despesa, houve fim de deflação e aceleração dos preços de itens importantes, como hortaliças e legumes (0,62% para 3,82%), frutas (-2,28% para 4,06%), laticínios (0,47% para 1,09%) e aves e ovos (-0,33% para 1,86%), no período.
Entretanto, a fundação informou ainda que o avanço da taxa de inflação dos alimentos foi parcialmente contido por quedas de preços mais intensas ou início de deflação em outros itens de peso no orçamento das famílias mais pobres, como arroz e feijão (-2,87% para -3,63%); pães e biscoitos (0,38% para -0,67%).
Das sete classes de despesa usadas para cálculo do IPC-C1, cinco apresentaram elevação mais intensa de preços ou deflação mais fraca, entre o mês passado e o mês anterior. Além do grupo dos alimentos, é o caso de Habitação (de 0,07% para 0,23%); Vestuário (de -0,64% para -0,18%); Educação, Leitura e Recreação (de 0,48% para 0,76%) e Despesas Diversas (de 0,16% para 0,72%). Apenas duas classes de despesa apresentaram desaceleração de preços, no mesmo período. É o caso de Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,97% para 0,76%) e Transportes (de 0,68% para 0,04%).