A inflação sentida pelas famílias mais pobres perdeu força no segundo mês deste ano. É o que mostra o Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), calculado com base nas despesas de consumo das famílias com renda de 1 a 2,5 salários mínimos mensais (R$ 465 a R$ 1.162,50), e que subiu 0,16% em fevereiro, após avançar 0,72% em janeiro. As informações foram anunciadas nesta sexta-feira (6) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo a entidade, este foi o menor resultado desde setembro de 2008, quando o indicador registrou queda de 0,57%.
Com este resultado, o índice acumula alta de 0,88% no ano e avanço de 6,67% nos últimos 12 meses até fevereiro. A taxa acumulada pelo IPC-C1 nos dois primeiros meses de 2008 é inferior à inflação medida para o mesmo período pelo Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-BR), que abrange famílias com ganhos entre 1 e 33 salários mínimos (R$ 465 a R$ 15.345), e que ficou em 1,05%. Entretanto, no acumulado em 12 meses, o dado do IPC-C1 ainda é mais elevado do que o apurado para o mesmo período pelo IPC-BR, que é de 6,15%. Ainda segundo a FGV, o resultado de fevereiro do IPC-C1 foi menor do que a taxa mensal do IPC-BR para o mesmo mês, que teve alta de 0,21%.
O IPC-C1 foi lançado oficialmente em 2008, mas sua série histórica foi iniciada em janeiro de 2004, quando entrou em vigor a mais recente estrutura de pesos, extraída da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada pela FGV no biênio 2002/2003. Essa é a décima divulgação do índice, que é anunciado mensalmente pela instituição.
Grupos
Início de deflação no grupo Alimentação (de 0,63% para -0,01%) e inflação menos intensa em Transportes (de 2,21% para 0,68%) foram determinantes para a taxa menor do IPC-C1.
Segundo a FGV, nas despesas com alimentos, os destaques partiram de movimentações de preços em itens de peso na cesta de consumo das famílias, tais como: feijão carioquinha (2,05% para -5,96%), frutas (1,60% para -2,28%) e carnes bovinas (-1,49% para -2,31%). Na segunda classe de despesas, o destaque foi o item ônibus urbano, cuja taxa recuou de 2,38% para 0,58%, de janeiro para fevereiro.
Das sete classes de despesa usadas para cálculo do índice, seis apresentaram desaceleração ou queda de preços, no período. Além dos dois já citados, é o caso de Habitação (de 0,27% para 0,07%); Vestuário (de 0,19% para -0,64%); Educação, Leitura e Recreação (de 2,99% para 0,48%); e Despesas Diversas (0,20% para 0,16%).
A única classe de despesa a apresentar aceleração de variação de preços, no mesmo período, foi a de Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,22% para 0,97%).