Os consumidores devem ter um refresco em abril após enfrentarem um aumento salgado de preços no mês de março. Com o fim do impacto do reajuste extraordinário concedido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) às distribuidoras de energia elétrica e do aumento do valor cobrado segundo o regime de bandeiras tarifárias, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) tende a desacelerar neste mês, afirmou o superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros.
A tarifa de energia elétrica subiu 6,46% na primeira prévia do Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M) deste mês. Mas o fato de a taxa ser expressiva não é indício de que o resultado será ainda maior no fim do mês. “Isso já é o fim do ciclo, não o começo”, disse Quadros, lembrando que os reajustes entraram em vigor em 2 de março. Portanto, o IGP-M de abril captará apenas um terço desse impacto. No IGP-DI, cujo período de abrangência foi de 1º a 31 de março, a alta foi de 22,60%.
“O IPC deve dar uma apaziguada. De coisas novas, teremos apenas o reajuste dos medicamentos”, afirmou Quadros. Na primeira prévia de abril, o IPC subiu 0,53%, menos do que a taxa de 0,88% apontada em igual indicador de março.
A valorização do dólar, por sua vez, tem tido efeito tímido sobre os preços varejistas. Até agora, os produtos que receberam impactos mais notáveis foram o pão francês (1,11%), já que o trigo é importado, e o óleo de soja (2,32%). Por outro lado, a carne bovina, que é um produto de exportação, ficou 0,44% mais barata na leitura divulgada nesta sexta-feira, 10. “O efeito ainda é muito difuso, tem chegado aos poucos”, disse o superintendente.