A pressão de alta na conta de luz do paulistano impediu uma queda do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em julho, avalia o coordenador do indicador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Guilherme Moreira. Segundo ele, se não fosse o aumento de 7,35% em energia elétrica no sétimo mês do ano, o que contribuiu com 0,25 ponto porcentual, o IPC teria queda de 0,02%, e não alta de 0,23%.
“Subiu muito, tanto que estamos revendo a projeção para o IPC do ano, de 3,15% para 3,25%. E há probabilidade de ser elevada ainda mais por causa de energia elétrica”, explica. Conforme ele, o encarecimento reflete parte do reajuste médio promovido pela Eletropaulo, de 15,84%, e ainda os impactos da bandeira vermelha 2, que cobra R$ 5,00 a cada 100 quilowatts-hora (kWh).
A taxa de 0,23% do IPC de julho veio dentro do intervalo das expectativas da pesquisa do Projeções Broadcast (de 0,15% a 0,35%), mas sutilmente maior que a mediana de 0,22%. Moreira destaca que o recuo de 0,59% do grupo Alimentação no período, após elevação de 3,14%, foi insuficiente para neutralizar a alta de 1,26% em Habitação, impulsionada em boa medida pela energia elétrica.
“Para o IPC de agosto, esperamos 0,45%, sendo que 0,34 ponto porcentual de influência esperada deve ser só de energia”, estima. A expectativa é que o conjunto de preços de alimentos encerre este mês com recuo de 0,03%, enquanto Habitação encerre com variação positiva de 1,25%. Mais uma vez, completa, o declínio esperado em alimentos deve ser incapaz de apagar a projeção de elevação em energia e consequentemente em Habitação. “Se não tiver pressão de alta em energia, a projeção para o IPC de agosto seria de 0,11%, ou seja, praticamente zero”, afirma.
12 meses
Moreira ressalta preocupação não somente com o comportamento dos preços de energia, mas dos administrados como um todo. Enquanto o grupo Alimentação tem alta acumulada de 1,62% em 12 meses até julho e o IPC, de 2,76%, os preços administrados acumulam 5,41%. Segundo ele, energia elétrica tem alta acumulada no período de 10,93%; água e esgoto, de 10,83%; gás de botijão, 14,98%; e gás canalizado, de 5,63%. “O quadro do restante dos preços está tranquilo, em meio à atividade econômica fraca.”