A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Terceira Idade (IPC-3i), que apura o impacto de preços entre os mais idosos, atingiu no primeiro trimestre deste ano o mais elevado nível dos últimos seis anos. A informação foi divulgada pelo economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz. Hoje, a fundação anunciou IPC-3i, criado em 2004, e que subiu 2,72% nos primeiros três meses deste ano, após avançar 0,51% no quarto trimestre do ano passado.

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Segundo o especialista, a inflação percebida pelo consumidor idoso foi influenciada por dois movimentos de pressão de preços. Um deles é o efeito sazonal forte desta época do ano, originado dos alimentos in natura, que sempre sobem de preço no início do ano devido a problemas climáticos que prejudicam a oferta. O outro impacto foi originado de uma persistência de inflação de demanda, que eleva o consumo de alimentos em geral e de serviços, e sinaliza um mercado interno mais aquecido. “Temos inflação mais intensa este ano, e isso pode ser mensurado pelo índice que apura o impacto de preços na terceira idade”, afirmou.

No caso dos alimentos em geral, que representam 30% do orçamento mensal do idoso, a inflação neste segmento foi de 5,80% no primeiro trimestre, também a mais elevada da série histórica. Se fosse excluído o impacto dos alimentos in natura no cálculo do índice, o IPC-3i teria subido menos, apenas 1,86% no primeiro trimestre deste ano. Braz comentou que, mesmo para um início do ano, os preços dos alimentos in natura subiram de forma atípica no primeiro trimestre de 2010. Para exemplificar, ele divulgou a evolução de preços deste tipo de produto entre o primeiro trimestre de 2009 e os primeiros três meses deste ano. Neste período de comparação, houve aceleração de preços em hortaliças e legumes (de 12,31% para 21,46%).

Outros alimentos de peso na formação da inflação do idoso também mostraram avanço significativo de preços, no mesmo período. É o caso de açúcar, que subia 20,17% no primeiro trimestre do ano passado, e avançou 24,38% nos primeiros três meses de 2010, devido a uma forte entressafra, além de problemas de oferta influenciados por notícias de quebra de safra na Índia. O leite tipo longa vida também foi destaque e a taxa de inflação deste produto saltou de 2,94% para 18,85%, entre o primeiro trimestre do ano passado e o primeiro trimestre de 2010, visto que o volume de captação do leite passa por entressafra no início do ano. “Este produto tem estimativa de ficar mais caro nos próximos meses, pois a entressafra mal começou”, afirmou. A FGV também apurou fim de deflação no preço de arroz e feijão (de -5,39% para 7,78%), no mesmo período.

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Além disso, houve uma recuperação nos preços das carnes no início deste ano. Este tipo de produto sofreu com a queda na demanda externa, no primeiro trimestre do ano passado, devido à crise global, e agora os preços não estão mais caindo tanto. A deflação de carne bovina diminuiu de -5,48% para -0,44%, entre o primeiro trimestre de 2009 e o primeiro trimestre de 2010.

Fora do setor de alimentação, Braz informou que vários preços de serviços muito demandados pelo idoso aceleraram, do primeiro trimestre de 2009 para o primeiro trimestre de 2010. É o caso de empregados domésticos (de 4,25% para 4,51%), de serviços de vestuário (de 1,63% para 2,92%) e serviços médicos (de 1,88% para 2,69%). “Somente este último segmento representa 7% do orçamento mensal do idoso”, acrescentou Braz.

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