A alta de 1,40% no Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1) no mês passado foi a mais forte para um mês de janeiro desde 2004, segundo informou o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz. Ainda de acordo com o especialista, o mês de janeiro deste ano repetiu a taxa de março de 2010. “Este IPC-C1 foi influenciado por três fatores: alta de preços em hortaliças e legumes; e os reajustes em mensalidades escolares e em tarifa de ônibus urbano”, explicou Braz.
Segundo ele, se estes três itens fossem retirados do cálculo do indicador, o IPC-C1 teria subido apenas 0,16% em janeiro. “A alta do indicador não parece estar disseminada por todos os preços e serviços no varejo, e sim concentrada em aumentos de preços importantes, de peso, dentro do indicador”, explicou. “Creio que a inflação em janeiro medida pelo índice foi muito afetada por fatores sazonais”, completou.
De acordo com economista, as hortaliças e legumes representam 4,3% do total do indicador; as mensalidades escolares contam com fatia de 0,7% de participação no índice; e os gastos com ônibus urbano representam 11,6% dos gastos mensais nas famílias de baixa renda, com ganhos até 2,5 salários mínimos, pesquisadas pelo IPC-C1.
Braz lembrou ainda que o mês de janeiro contou com chuvas muito acima do normal para esta época do ano, principalmente no Rio de Janeiro – o que ajudou a acelerar de forma mais intensa os preços de hortaliças e legumes (de 0,69% para 13,09%), de dezembro para janeiro.
Outro ponto destacado pelo especialista para exemplificar a ausência de disseminação de aumentos de preços dentro do indicador foi o comportamento da inflação dos alimentos no varejo. Dos 20 itens alimentícios pesquisados pela fundação, 17 apresentaram desaceleração de preços, de dezembro para janeiro, dentro do IPC-C1. “Na prática, somente hortaliças e legumes responderam por 41% do IPC-C1 em janeiro, e explicam praticamente todo o aumento de preços no setor de alimentação (1,32%) no mês”, acrescentou. “Se retirarmos somente hortaliças e legumes do indicador, o IPC-C1 teria subido apenas 0,87% em janeiro”, afirmou.