A elevação da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciada ontem pelo governo para conter a valorização do real teria que ser muito maior para garantir alguma depreciação da moeda brasileira, na avaliação do economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor de política monetária do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas. “Os efeitos serão pequenos, haverá desaceleração da queda vertiginosa do dólar, mas não haverá depreciação do real”, disse.

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Thadeu de Freitas avalia que as medidas foram tomadas com a expectativa de que fossem tão eficazes quanto a elevação anterior do IOF, que realmente teve sucesso na contenção da valorização do real. Porém, ele alerta que o momento atual é bem diferente, com política monetária expansionista em vários países, como Estados Unidos e Japão. “Nessa situação, o IOF teria que chegar a um patamar muito mais elevado”, disse.

O economista sugere que seja feita uma calibragem da dosagem do IOF com as decisões sobre a taxa Selic a serem tomadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom). “A cada reunião do Copom, Selic e IOF deveriam mudar simultaneamente”, acredita. Thadeu de Freitas admite que o poder de fogo do Ministério da Fazenda sobre o câmbio, no momento, concentra-se no IOF, mas acredita que poderia ser tomada a medida adicional de limitar prazos mínimos para captações externas, por exemplo de 10 a 15 anos, também como forma de conter a enxurrada de capital especulativo.

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