Depois de um período de estagnação, o segmento de imóveis residenciais usados dá sinais de que, finalmente, está recuperando o fôlego em Curitiba. É o que mostra o Índice de Velocidade de Vendas (IVV), elaborado pelo Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar). Em maio, o índice ficou em 11,3% – ou seja, de cada 100 imóveis ofertados, 11 foram negociados. Em maio do ano passado, o IVV havia fechado em 6,1% e, em igual mês de 2005, em 4,4%.
?As pessoas estão realmente procurando imóveis para comprar. O mercado de usados está girando bem nos últimos sete a oito meses?, afirmou Paulo Celles, vice-presidente de lançamentos e comercialização imobiliária do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR). Segundo ele, a estabilidade econômica vem contribuindo para o aquecimento do setor. ?Quem tinha um dinheiro guardado viu a poupança engordar. Mas como agora a perspectiva é que a aplicação não renda tanto – por conta da taxa básica de juros, que vem caindo desde setembro de 2005 -, o imóvel se tornou uma opção até mesmo de investimento?, apontou.
Outro fator decisivo é a maior oferta de linhas de financiamento, que possibilita acesso ao crédito e com juros mais convidativos. ?Hoje, quase 50% das vendas são por financiamento. No passado, o volume era bem menor, pela própria dificuldade em obter o crédito.?
Dos compradores em potencial, segundo Celles, 40% estão indo para o segundo imóvel – buscam, portanto, uma residência maior, melhor localizada – e 60% estão comprando a casa própria pela primeira vez.
Mais procurados
Entre os imóveis mais procurados para se morar estão os voltados para a classe média, que custam entre R$ 100 mil e R$ 200 mil. Segundo Celles, os apartamentos são mais requisitados do que as casas; os sobrados também aparecem como importante filão. Já os bairros de maior procura continuam sendo os tradicionais Juvevê, Cabral, Batel, Água Verde e Champagnat. No caso de casas, é grande a demanda por imóveis no Seminário, Vila Izabel, Centenário.
Para quem busca o imóvel como alternativa de investimento, apartamentos menores, de um ou dois quartos, na faixa de até R$ 100 mil, são os mais procurados. Segundo Celles, o aluguel – que corresponde entre 0,5% e 0,6% do valor do imóvel -, acrescido à valorização do próprio ativo fixo, tem atraído os investidores. ?Numa economia estabilizada, é um investimento bastante interessante. Além disso, há a valorização do bem no longo prazo?, arrematou.
Tendência é de alta dos preços
A grande procura pelos residenciais usados já está refletindo na alta dos preços. Nos últimos 12 meses, segundo dados do Inpespar, o metro quadrado do imóvel residencial usado subiu 10,30% e, do comercial, 14,70%. Apesar da alta, Paulo Celles, do Secovi-PR, afirma que o preço do imóvel está bom e que ele pode subir ainda mais. ?Esse é um bom momento para fazer negócios. Os imóveis ainda não atingiram o patamar de preço que poderiam e há uma oferta razoável?, assegurou Celles, que atua há 28 anos no mercado imobiliário.
Segundo ele, os custos de produção aumentaram bastante nos últimos tempos; o impacto, porém, ainda não atingiu os imóveis usados, apenas os novos. ?Os lançamentos já refletem esta alta. Mas são produtos com muito mais tecnologia, mais qualidade; além disso, o consumidor, de maneira geral, ficou mais exigente?, analisou. Para Celles, a diferença de preços entre os imóveis novos e os usados é que torna o segundo grupo mais interessante do ponto de vista financeiro. ?É difícil dizer em quanto tempo os preços desses imóveis vão subir. Depende da demanda do mercado, do corte de juros – que pode refletir com mais intensidade na valorização. Por outro lado, se os lançamentos oferecerem facilidade de pagamento, as pessoas vão optar pelos novos em vez dos usados. Há toda uma dinâmica, difícil de ser prevista.?
