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Investimentos recuaram 2,8% em agosto ante julho, revela Ipea

O País registrou retração nos investimentos na passagem de julho para agosto, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) apontou redução de 2,8%, o segundo recuo consecutivo.

O mau desempenho ocorre após um crescimento expressivo verificado em junho, quando houve alta de 8,2%. As perdas em agosto atingiram tanto o consumo de máquinas e equipamentos quanto as importações de bens de capital.

Na média do trimestre terminado em agosto, os investimentos recuaram 0,4% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, terminado em maio. No acumulado do ano até agosto, o Indicador Ipea de FBCF acumula uma alta de 1,4%.

No mês de agosto, a produção doméstica de bens de capital, medida pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), avançou 0,4% em relação a julho, mas o consumo aparente de máquinas e equipamentos (Came) apresentou recuo de 2,5%. O Came corresponde à produção industrial doméstica acrescida das importações e diminuída das exportações, explicou o Ipea, em nota.

Em relação à contribuição do comércio exterior, as exportações caíram 0,7% enquanto o volume de importações de bens de capital teve forte queda de 14,6%, o grande destaque negativo do resultado de agosto.

O indicador de construção ainda encolheu 3,8% em agosto em relação a julho, o terceiro mês consecutivo de retração. No ano, essa atividade acumula uma perda de 5,1%.

O Indicador Ipea de FBCF mede o quanto as empresas aumentaram os seus bens de capital, que servem para produzir outros bens, como máquinas, equipamentos e material de construção.

Sinalização

A recuperação dos investimentos no País depende de uma sinalização mais clara do ajuste fiscal, avaliou José Ronaldo Souza Júnior, coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura do Ipea. Ele avaliou que o reequilíbrio nas contas do governo será determinante para a retomada do apetite por investimentos na economia.

Segundo Souza Júnior, os empresários não voltarão a investir sem ter convicção de que o problema fiscal está em vias de ser sanado. “Não dá para ter recuperação mais intensa sem uma sinalização mais clara do ajuste fiscal. Os investimentos ficam com um risco muito alto. Para que aumentem, é preciso de um ambiente de previsibilidade maior”, avaliou.

Apesar dos dois últimos meses de retração, o Indicador Ipea de FBCF vinha de uma alta 8,2% em junho. Para Souza Júnior, a tendência para os investimentos na economia é de estabilização. “A tendência é que haja alguns meses de acomodação após um crescimento muito forte”, explicou o coordenador do Ipea. “O indicador parou de cair, mas a recuperação tende a ser lenta e gradual”, disse.

O pesquisador acredita que o investimento possa apontar alguma recuperação em setembro, mas calcula que, caso não haja crescimento, a Formação Bruta de Capital Fixo tenha um recuo de 3,1% no terceiro trimestre do ano, por uma questão de carregamento estatístico.

Além da redução em agosto nas importações de bens de capital, a construção também tem contribuído negativamente para o resultado, na medida em que depende de investimentos em infraestrutura e também do setor residencial. “A construção realmente ainda não se recuperou, é um dado que mostra resiliência maior para a recuperação da economia”, contou.

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