Ao contrário das promessas e a despeito dos grandes eventos esportivos, o Brasil deve amargar nova desaceleração no ritmo de investimentos em 2014. É o que mostra a pesquisa “Latin America Consensus Forecast” da consultoria britânica Consensus Economics. Após prospectar diversas instituições financeiras no Brasil e exterior, o levantamento mostra que a previsão de aumento dos investimentos este ano é de 3,5%. O ritmo sinaliza forte desaceleração em relação a 2013, ano que deve terminar com alta superior a 6% nos investimentos. A culpa, dizem os consultados, é do governo.

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A consulta sobre o País foi realizada com 22 instituições e mostra firme predominância da aposta de desaceleração da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – o total investido por empresas e governo em máquinas, obras e infraestrutura, entre outros.

Entre as projeções para o investimento, a mais otimista é de um banco britânico que prevê alta de 7,5% em relação a 2013. A mais pessimista é uma grande instituição financeira norte-americana que espera expansão de apenas 0,8% na FBCF em 2014.

No relatório, a Consensus Economics nota que o cenário macroeconômico doméstico desfavorável está por trás da desaceleração do investimento. Além da economia que cresce menos, a consultoria ressalta que os principais problemas do Brasil são internos e não podem ser atribuídos ao exterior – como aconteceu ao longo dos últimos anos.

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“Muitos observadores relacionam os problemas econômicos do Brasil mais às decisões do governo do que aos ventos contrários do exterior. Essa incerteza na política já enfraqueceu a confiança do investidor e atingiu o gasto com investimentos”, diz a pesquisa. Entre os fatores que desfavorecem o investimento, estão a situação fiscal mais frágil, risco de rebaixamento da nota soberana brasileira e o ciclo de alta do juro básico, citam os consultados.

Com a desaceleração prevista para os próximos meses, o Brasil ocupa uma posição nada confortável no ranking da América Latina. Entre as grandes economias da região, o investimento no Brasil só deve crescer a um ritmo maior que o visto na Argentina, onde a expansão deve ser de 1,2%, e da Venezuela que amargará uma de 1,8% nos investimentos, preveem os economistas.

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Entre os demais mercados latino-americanos, o desempenho deve ser superior ao do Brasil. Em 2014, a Colômbia deve liderar os investimentos com alta de 6,4% na comparação com o ano passado. Em seguida estão o México com expansão de 4,9% e Chile com aumento projetado de 4,2%.