O investimento de cerca de R$ 12,5 bilhões em Tecnologia da Informação por parte dos bancos (a informação é da Febraban) não está impedindo a clonagem de cartões nem a fraude através da internet, e que acabam provocando prejuízos ainda não calculados. Apenas em Curitiba, segundo informação extra-oficial, mas que reflete a realidade, estão acontecendo entre sete e dez casos, por dia, de cartões clonados, saques indevidos, e fraudes em cartões de débito.
A média diária de dinheiro envolvido nestes saques indevidos gira em torno de R$ 5 mil. Mas há dias em que os marginais levam mais sorte. Na última sexta-feira, dia 8 de abril, por exemplo, a Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas registrou vinte e oito boletins de ocorrência em que clientes de estabelecimentos bancários – Caixa Econômica Federal, Bradesco, HSBC, Itaú e Unibanco, principalmente – foram lesados de alguma forma.
Ontem, até às 14h, oito casos já estavam registrados na especializada. Dois dos denunciantes – que preferem não ser identificados, mas são clientes da Caixa Econômica Federal -registravam saques indevidos de R$ 1.000 e R$ 800, respectivamente. Antes, uma moça registrou queixa de que R$ 500 havia ?desaparecido? de sua conta do HSBC, num saque não autorizado.
?O mais estranho é que o gerente da agência onde tenho conta, considerou a situação do saque muito normal, e disse que isso vem acontecendo com uma certa freqüência?, disse um dos denunciantes, aposentado de 58 anos. O outro denunciante, de cuja conta foram retirados R$ 800, conseguiu identificar inclusive o local onde o saque foi feito: um quiosque de banco 24horas de Belo Horizonte.
Como acontece
A situação não é uma regra, mas na maioria das vezes o cartão do cliente bancário é clonado com a instalação de uma pequena máquina junto ao caixa eletrônico, que registra não apenas os dados do cartão como também a senha digitada. As quadrilhas são bem equipadas e espalhadas por todo País. A clonagem é feita numa cidade e, na maioria das vezes, o saque é feito em outra.
?Há um volume de dinheiro muito grande circulando entre essas quadrilhas?, disse um funcionário da Delegacia de Estelionato. ?Normalmente, quando um meliante desses cai nas mãos da gente, ele está com BMW, EcoSport (camionete) apartamento no centro, casa na praia?, continua ele.
Outro sistema utilizado é a internet. A pessoa recebe um e-mail (às vezes de entidades idôneas como a Receita Federal, Banco Central, bancos comerciais e até empresas em geral) solicitando ?atualização de cadastro?. Ao repassar as informações – inclusive senhas – o cidadão não tem consciência de que está entregando tudo para os marginais. O resultado é o saque imediato de tudo que tem na conta.
Bancos garantem que sistema é seguro
A Caixa Econômica Federal informou, em nota, que não tem registrado número significativo de ocorrências de contestação de saques de contas e destacou que as ações de prevenção da instituição estão sempre se renovando. Informou ainda que existe um procedimento de contestação junto à Caixa para os casos em que o cliente, de alguma forma, se sentir prejudicado. ?Uma vez comprovado o requerido, efetua-se a recomposição da conta, de modo que para o cliente não há qualquer prejuízo?, informou.
O HSBC afirmou, através da assessoria de imprensa, que a clonagem de cartão vem diminuindo gradativamente no Paraná, por conta de medidas mais rígidas de monitoramento de transações. Informou ainda, que a maior parte de clonagens é identificada pelo próprio banco, que percebe movimentações diferentes nas contas dos clientes. Acentuou que os clientes são ressarcidos imediatamente, após o caso de clonagem ser comprovado. O HSBC aconselhou que os clientes vítimas de clonagem de cartão registrem Boletim de Ocorrência e depois levem o documento à agência bancária.