Investimentos da Petrobras caem 11% até setembro, para R$ 55,489 bilhões

Os investimentos da Petrobras somaram R$ 55,489 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, montante 11,3% inferior ao desembolsado no mesmo período do ano passado. A queda já era esperada e tem como pano de fundo o delicado momento financeiro enfrentado pela estatal.

A conjuntura adversa levou a companhia a anunciar, no início de outubro, uma revisão nos investimentos do ano, os quais já seriam inferiores aos valores praticados em 2014. O novo plano prevê investimento de US$ 25 bilhões no ano, abaixo da previsão inicial de US$ 28 bilhões. Na mesma oportunidade, a estatal anunciou queda no valor estimado para 2016, de US$ 27 bilhões para US$ 19 bilhões

O material de divulgação dos resultados do terceiro trimestre aponta que a maior parte dos investimentos feitos pela Petrobras entre janeiro e setembro foi direcionada à área de Exploração e Produção (E&P), com o equivalente a R$ 43,327 bilhões (78% do total). Na sequência aparecem as áreas de Abastecimento, com aporte de R$ 5,908 bilhões (11% do total) no período, e na área Internacional, com R$ 3,113 bilhões (6% do total).

Considerando apenas o terceiro trimestre, os investimentos da Petrobras somaram R$ 19,315 bilhões, retração de 8,2% sobre o mesmo período do ano passado.

Alavancagem

A relação entre dívida líquida e Ebitda da Petrobras fechou o terceiro trimestre de 2015 com uma proporção de 5,24 vezes, acima dos 4,64 vezes apurados ao final de junho. O número indica que a Petrobras precisaria de 5,24 anos de Ebitda estável para liquidar montante equivalente a seu endividamento líquido.

A diferença em relação aos patamares do segundo trimestre tem origem principalmente no impacto da valorização do dólar sobre o real, quando dimensionado nas dívidas contraídas em moeda estrangeira. Além disso, o Ebitda ajustado de R$ 15,506 bilhões acumulado entre julho e setembro apresenta retração em relação aos números alcançados no primeiro semestre e utilizados como referência para o cálculo da alavancagem até o final de junho.

A Petrobras almeja que a relação entre dívida líquida e Ebitda alcance patamares inferiores a 3 vezes até 2018 e abaixo os desejados 2,5 vezes até 2020, conforme o plano de negócios da companhia.

Já a alavancagem líquida, medida pela relação entre endividamento líquido e patrimônio líquido, fechou o terceiro trimestre em 65%, acima da marca de 51% registrada no final do segundo trimestre. O indicador permanece, dessa forma, muito além do patamar de 35% considerado desejado pela Petrobras e não respeitado desde o terceiro trimestre de 2013. Naquele trimestre, a alavancagem atingiu 36%, número que não parou de subir até ultrapassar a barreira dos 40% no decorrer de 2014 e dos 50% no início deste ano.

A previsão mais recente da companhia indica que o indicador caia abaixo de 40% até 2018. O desejado patamar de menos de 35% deve ser alcançado até 2020.

O nível de endividamento da estatal ganhou importância em 2010, ano em que a estatal realizou sua megacapitalização de mais R$ 120 bilhões. Na oportunidade, uma das razões para que a Petrobras anunciasse a operação foi justamente a preocupação de que a alavancagem líquida superasse 35% e colocasse em risco a condição de grau de investimento concedido pelas agências de classificação de risco.

Concluída a operação, a alavancagem da estatal caiu de 34% no segundo trimestre para 16% no terceiro trimestre de 2010. Desde então, porém, o indicador manteve trajetória ascendente, influenciado principalmente pela tendência de valorização do dólar ante o real.

O desarranjo no endividamento levou a estatal a perder o grau de investimento por duas das três principais agências de classificação de riscos do mundo. A Moody’s retirou o selo de boa pagadora da Petrobras em fevereiro deste ano. Em setembro, foi a vez da Standard & Poor’s (S&P). No caso da Fitch, a estatal brasileira está no último nível antes de também ser excluída da lista de melhores pagadoras do mundo. Sem o grau de investimento, o custo de captação de uma empresa sobe, um fator de preocupação para o atual momento da estatal.

Dívida

O material de divulgação com os resultados do terceiro trimestre aponta que a dívida bruta da estatal alcançou R$ 506,584 bilhões ao final de setembro, uma elevação de 22% sobre os R$ 415,5 bilhões do final de junho. A alta, já esperada, reflete o efeito cambial.

Já o volume de recursos em caixa, incluindo títulos federais, totalizava R$ 104,236 bilhões no final de setembro, elevação de 13,8% em relação ao fechamento do segundo trimestre (R$ 91,636 bilhões). A dívida líquida da Petrobras, dessa forma, somava R$ 402,348 bilhões em setembro, alta de 24,2% sobre os R$ 323,9 bilhões de junho.

Ao final de setembro, a Petrobras tinha R$ 17,405 bilhões em dívidas a vencer durante o quarto trimestre. Em 2016 esse número sobe para R$ 50,267 bilhões. Nos anos seguintes, as dívidas somam R$ 44,787 bilhões em 2017, R$ 63,639 bilhões em 2018, R$ 89,260 bilhões em 2019 e R$ 241,024 bilhões a partir de 2020.

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