A mandioca, produto que passou por uma crise no início dessa década por conta do baixo preço de venda e pela falta de investimento do governo federal, começa a dar sinais de recuperação. Desde o período de 2004/2005, o produto vem ganhando novamente espaço, e agora, em 2009, a promessa de crescimento do setor deve se concretizar, pois os produtores conseguiram melhorar em 50% o preço do alimento e devem receber ainda investimento federal no valor de R$ 4 milhões, por meio de um instrumento de comercialização denominado de Aquisições do Governo Federal (AGF).
De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), Ivo Pierin Júnior, a intervenção do governo vai garantir que os produtores possam continuar a trabalhar com essa cultura. “Antes não tínhamos ajuda governamental para esse setor. Isso acabou deflagrando a crise no período de 2001/2002 e fez com que muita gente deixasse de lado a atividade. No período seguinte, o Brasil teve que importar 80 mil toneladas de amido de mandioca porque a produção nacional tornou-se insuficiente. Agora, com essa injeção de recursos, os produtores estão se mostrando mais animados e espera-se uma produção maior do que a do ano passado, pois há grandes probabilidades de que o mercado para a mandioca estará estabilizado”, relata.
A boa notícia veio em boa hora, informa Pierin Júnior. Segundo ele, esses recursos vão garantir com que haja uma estabilização no setor. “Estamos ganhando fôlego nos últimos anos, mas ainda estamos receosos com os efeitos da crise mundial. Há também uma promessa do ministro da agricultura, pecuária e abastecimento, Reinhold Stephanes, de que caso haja necessidade de um investimento maior para os produtores de mandioca, o governo iria nos auxiliar e investir mais”, garante.
O presidente da Abam conta que, além desse investimento, busca também outros meios para auxiliar o produtor. Um deles seria o retorno das Linhas Especiais de Crédito (LEC). “A LEC era muito benéfica para o produtor rural. Ainda não entendemos o porquê de sua extinção. Enviei um ofício ao ministro Stephanes para que a LEC retorne. Pedi também que sejam liberados os recursos para AGF, na ordem de R$ 15 milhões, extensão do prazo de seis para 12 meses para o pagamento do crédito e o aumento do crédito presumido do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre a raiz de mandioca de 35% para 100%”, explica.
Pierin Júnior ressalta ainda que o setor tem sido penalizado com a carga tributária sobre o produto. “As indústrias só podem se apropriar de 35% do valor da mandioca, fazendo com que eles arquem com tributos altos, sendo obrigados a repassar grande parte deles aos produtores rurais”, encerra.
Área ampliada
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Promessa de recursos anima mercado. Produção de farinha de mandioca no País também é estimulada. |
Um dos maiores produtores de mandioca do Brasil, o Paraná deve ampliar a área plantada nesse ano. A afirmação foi feita pelo técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), Methodio Groxko. A estimativa apontada pelo técnico é de que aumente de 148 mil hectares para 192 mil hectares de mandioca.
De acordo com o técnico, a promessa de investimento a ser realizada pelo governo federal vai dar uma nova injeção de ânimo para o setor. “Os produtores esperam com ansiedade essa verba. Nós somos o terceiro maior produtor de mandioca no país, perdendo apenas para os estados, do Pará e Bahia. Ainda que o preço da tonelada não seja a ideal para os produtores (R$ 130), com essa investida do governo é capaz de que os estoques diminuam e que haja uma reação do preço do alimento”, afirma.
As maiores produções de mandioca no Paraná encontram-se no núcleo regional de Paranavaí, noroeste do estado. Esse núcleo é responsável por 33% de toda a produção paranaense e aproximadamente 5% da produção nacional. Destacam-se ainda os núcleos regionais de Campo Mourão, Toledo e Umuarama. “Além de ser um dos grandes produtores, o Paraná é o primeiro colocado na produção de fécula e farinha de mandioca”, informa.