O ingresso líquido de investimentos estrangeiros diretos no Brasil foi de US$ 10,144 bilhões em 2003, segundo o Banco Central. Trata-se do pior resultado desde 1995, quando haviam entrado no País apenas US$ 4,405 bilhões. Em 2002, por exemplo, os ingressos chegaram a US$ 16,590 bilhões.
Os investimentos no setor produtivo foram inicialmente prejudicados pela desconfiança do mercado internacional em relação ao governo Luiz Inácio Lula da Silva até o começo deste ano. Depois, a guerra dos Estados Unidos contra o Iraque também trouxe temores de uma nova crise financeira mundial e afugentou investidores. Com esse cenário, os investimentos só começaram a se normalizar a partir de meados de 2003.
Além dos fatores externos, a ausência de privatizações neste ano também contribuiu para reduzir os investimentos estrangeiros. A venda de empresas estatais teve grande impacto positivo no saldo de investimentos durante os anos FHC, quando o pico foi atingido no ano 2000, com a entrada de US$ 32,779 bilhões.
2004
Para este ano, o BC mantém a previsão de que sejam investidos no País US$ 13 bilhões por estrangeiros. Essa retomada seria impulsionada pelo crescimento da economia, o estabelecimento de regras claras e estáveis para a atuação das empresas e o PPP (plano de investimentos do Estado em parceria com a iniciativa privada).
Contas
O Brasil registrou em 2003 o primeiro superávit das contas externas desde 1992. O saldo em transações correntes – um dos principais indicadores da vulnerabilidade de um país – foi positivo em US$ 4,051 bilhões no ano passado.
A conta em transações correntes é formada pela soma dos resultados da balança comercial, da balança de serviços (gastos com viagens, remessas de lucros e dividendos, etc.) e de transferências unilaterais (dinheiro enviado por brasileiros ao exterior e vice-versa).
Apesar de já esperado, o superávit em transações correntes superou a estimativa do BC, de US$ 3,8 bilhões. Para 2004, no entanto, o banco acredita que o País terá um déficit de US$ 4,4 bilhões com o exterior, influenciado, principalmente, por um menor superávit da balança comercial.
Com um provável aquecimento da economia, é esperado um aumento das importações, que deve reduzir o superávit comercial de US$ 24,8 bilhões em 2003 para US$ 19 bilhões neste ano, segundo o BC.