São Paulo (AG) – Depois de três anos em queda, o fluxo mundial de investimento estrangeiro direto voltou a aumentar em 2004 e o Brasil tirou proveito disso. A alta foi de 5,51% e o valor passou de US$ 580 bilhões em 2003 para US$ 612 bilhões no ano passado. A participação do Brasil no recebimento de recursos – 90% deles correspondem a fusões e aquisições de empresas – quase dobrou, passando de 1,7% em 2003 para 3% no ano passado, num total de US$ 18,2 bilhões. É a maior fatia abocanhada pelo País desde 1998, quando o investimento direto estrangeiro no Brasil representou 4,7% do total.
Os números, divulgados ontem pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), mostram que o País voltou a atrair investidores em 2004. Em 1999, ano da desvalorização do real, a participação havia caído para 2,6% e permaneceu neste patamar até 2003, ano em que caiu a menos de 2% (1,7%), o primeiro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Na comparação com 2003, o volume de recursos recebido pelo País cresceu 79%.
A Sobeet explica que os investimentos mundiais foram impulsionados pelo crescimento de 5,1% na economia mundial em 2004, o maior nos últimos 20 anos. Do total investido, 47,4% foram destinados a países em desenvolvimento e 52,5% a países desenvolvidos, que há três anos perde um pouco de sua fatia no bolo. Segundo a entidade, a participação dos países em desenvolvimento é um recorde histórico, embora calcada em poucas operações de grande porte.
A região da América Latina e Caribe não apresentava crescimento no volume de investimento direto desde 1999. No ano passado, ficou com US$ 69 bilhões, contra US$ 54 bilhões em 2003 – alta de 32%. Brasil, Chile e México ficaram com três quartos desta quantia. Apesar deste aumento, os países da região continuam a perder espaço para a Ásia, principalmente China.
A região da Ásia/Pacífico se mantém como a preferida das multinacionais. Entre 2003 e 2004 os investimentos cresceram nada menos do que 55%, atingindo US$ 166 bilhões. A China se destaca com aumento contínuo no fluxo de investimentos desde 1990. Em 14 anos, o volume de recursos aplicados em território chinês cresceu 18 vezes, passando de US$ 3 bilhões em 1990 para US$ 62 bilhões no ano passado. Ou seja, sozinha, a China abocanhou apenas US$ 7 bilhões a menos do que todos os países da América Latina e Caribe somados.