As condições favoráveis aos produtos manufaturados chineses vão além de um preço competitivo gerado, meramente, pela desvalorização cambial. Os empresários de lá contam com um cenário bem diferente dos paranaenses. “Enquanto o Paraná parou no tempo em relação a investimentos em infraestrutura, a China avançou. Há 20 anos, o Porto de Paranaguá era uma referência, mas agora, ele é inferior a qualquer porto chinês”, compara o consultor de negócios internacionais para o extremo oriente Elias Antunes.

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Além da infraestrutura que hoje conta com excelentes estradas, ferrovias e instalações portuárias, nas últimas duas décadas o governo chinês investiu pesado em educação, a ponto de apresentar entre 96% e 98% da população com pelo menos nove anos de escolaridade na educação básica.

“Outro ponto que gera vantagens comparativas é o investimento em ciência e tecnologia. Enquanto o Brasil destina menos de 2% do PIB para o setor, a China investe 4%”. Soma-se a isso a uma tributação simplificada, juros pequenos, poupança interna bem elevada e menos burocracia nas transações comerciais. Tudo isso estruturou o sucesso chinês. Mesmo com um contexto extremamente favorável à produção, os analistas lembram que 40 anos de comunismo deixaram suas sequelas e que é nisso que os empresários paranaenses podem e devem se basear para conquistar o mercado.

“O chinês sabe produzir em massa e confecções baratas, porém, o processo criativo que gera diferenciais no produto é mínimo, eles perdem para qualquer costureira do interior do Paraná. É nisso que os empresários daqui precisam se prevalecer para vender. Os chineses gostam de artigos de fora, mas o nosso produto e nossos empresários precisam estar lá para conseguirem vender”, orienta o consultor de negócios internacionais.

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Agronegócio

À medida que mais chineses deixam a agricultura para trabalhar na indústria, cresce a demanda por alimentos. E, segundo os especialistas, o quadro é irreversível. Diante disso, a próxima década apresenta um cenário de tranquilidade e muita lucratividade para o setor. O grande desafio é maximizar os rendimentos do agronegócio por meio da elevação do nível de transformação da matéria-prima.

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“Nesse sentido, o governo pode contribuir para organizar o setor produtivo a fim de agregar valor aos produtos. Creio que nos grãos isso será mais difícil, porque a China só quer saber da soja in natura, já que beneficia o grão internamente. Mas no que se refere às carnes, onde em suínos e aves o Paraná é líder, temos muito potencial para transformar o produto e ampliar a receita gerada”, defende o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.