Depois de passar abril oscilando em torno dos 70 mil pontos, a Bovespa fechou o mês de maio e iniciou este mês com cotações próximas aos 63 mil pontos. Por mais que essa queda, influenciada, entre outros fatores, pela crise na Europa, assuste parte dos investidores, o momento atual é, na verdade, bom para se investir em ações, de acordo com especialistas.
Além da bolsa, fundos imobiliários e o tesouro direto também são boas opções para o ano. Por outro lado, fundos de renda fixa continuam opções ruins de investimento.
Para o consultor em finanças pessoais e investimentos Raphael Cordeiro, o momento atual não chega a ser ótimo para as ações, mas ainda assim é favorável.
“Com 70 mil pontos não estava bom. Não era um valor de bolha, mas estava esticado”, analisa. Segundo ele, porém, a crise mundial, que continua séria em vários países, ainda exige certos cuidados, como, por exemplo, o de não se investir todo, mas cerca de um terço, do capital disponível.
“Ainda há uma expectativa de perda”, ressalta, lembrando que também não é necessário ter pressa. “É a maior inimiga do investidor. Todo ano a Bovespa cai, então sempre haverá oportunidades para comprar”, observa.
Cordeiro lembra, ainda, que com o mercado de imóveis aquecidos, investir nesse tipo de bem, que vem valorizando 20% ao ano, pode não ser uma boa pedida. “No longo prazo, não tem como continuar subindo com essas taxas”, diz.
Ainda assim, ele afirma que colocar dinheiro em fundos imobiliários pode valer a pena, ainda mais porque tais investimentos, que estavam em alta até outubro do ano passado, passaram por uma queda entre o mês seguinte e maio deste ano.
A terceira opção recomendada por Cordeiro para investimentos, atualmente, é o tesouro direto. “Vem sendo uma ótima forma de aplicar”, opina. O rendimento em 12 meses, hoje, varia entre 8,4%, na modalidade pré-fixada, até 12,5%, na pós-fixada.
O rendimento, nesse caso, pode acompanhar indicadores como a taxa básica de juros e a inflação medida pelos índices de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ou Geral de Preços – Mercado (IGP-M).
No caso do tesouro direto, o consultor alerta, no entanto, para as diferentes taxas cobradas pelas corretoras e bancos que vendem os títulos. A taxa ideal, segundo ele, é de no máximo 0,3% ao ano.
No entanto, há instituições que cobram até 4%, o que praticamente inviabiliza o investimento. O site www.tesourodireto.gov.br tem um ranking com as taxas cobradas, tabelas de rentabilidade e outras informações sobre o investimento.
Por outro lado, Cordeiro recomenda que os investidores fiquem longe, por enquanto, dos fundos de renda fixa. Para ele, como a inflação, este ano, está muito forte, a rentabilidade dos fundos não tem compensado. O maior problema, no caso, são as taxas de administração, que em certos casos até anulam os ganhos obtidos acima da inflação.
Planejar, para não ser apanhado de surpresa
Independente do valor disponível, do prazo desejado para o retorno financeiro e do objetivo do investimento, o mais importante é a organização. “Cada planejamento exige uma estratégia, que será diferente se eu quero comprar um apartamento em dois anos, ou garantir uma aposentadoria daqui a 30 anos”, diz o consultor em finanças pessoais Raphael Cordeiro.
O especialista também recomenda que o perfil de cada investidor seja levado em conta na hora de escolher onde colocar o dinheiro. Pessoas mais conservadoras, por exemplo, não devem investir mais de 10% a 15% de suas economias em ações.
Já os mais arrojados podem começar investindo nessas proporções. Para investir, no entanto, é preciso ter patrimônio disponível. Coisa que muitos nem conseguem fazer sobrar no final do mês.
Para a professora Ana ,Paula Mussi Cherobim, do departamento de Administração da Universidade Federal do Paraná (UFPR), organizar as finanças pessoais é simples: basta anotar o quanto e com o quê se ganha e se gasta, e a partir daí identificar os pontos mais críticos.
“Se a perda do controle foi eventual, basta reduzir um pouco as despesas. Se não foi feito nada fora do padrão, mas os gastos sempre estão maiores que os ganhos, o jeito é arranjar alguma renda extra”, diz ela, que no mês passado lançou, junto com a professora Marcia Bortolocci Espejo, o livro “Finanças Pessoais: conhecer para enriquecer”.
Para Ana Paula, muitas perdas de controle nas finanças acontecem em aquisições importantes, mas que são feitas por acaso, na base do impulso. Ela cita exemplos de pessoas que vão a feirões de automóveis ou até imóveis, se empolgam com a quantidade de ofertas e acabam embarcando em financiamentos que depois não conseguem pagar. “Não dá para tomar decisões em uma feira, misturando a assinatura de um contrato de financiamento com a pipoca e o algodão doce”, brinca.