Investir em ações é um bom negócio para quem planeja o futuro e consegue destinar parte dos rendimentos para objetivos de longo prazo, como garantir o mesmo padrão de vida após se aposentar. A orientação vem do economista Raymundo Magliano Neto, diretor da Expo Money, que abriu ontem a edição de Curitiba. Ele considera absolutamente infundada a ideia de que “perfis agressivos devem investir em ação e conservadores, guardar o dinheiro na poupança”.
Para ele, dá para ser conservador ou não no próprio mercado de ações. “O investidor pode ser extremamente conservador mesmo no mercado acionário, basta fazer escolhas de papeis mais consolidados. Isso reduz as chances de obter uma valorização incrível, mas também diminui as margens de grandes perdas”, compara.
É visando combater essas e outras leituras rasas do mercado, quando o assunto é aplicar o dinheiro, que a Expo Money deu início nesta terça-feira (5) à programação 2011, em Curitiba. Até o final do ano o evento irá passar por 13 cidades brasileiras levando educação financeira gratuita. Na capital, mais de 30 palestras foram programadas com grandes nomes do mercado, como o consultor Gustavo Cerbasi. Amanhã (6), dentre os especialistas mais aguardados, estará o escritor Geraldo Soares, do bem-sucedido livro “Casos de Sucesso no Mercado de Ações”. A obra mostra quatro caminhos diferentes seguidos por quatro investidores, um de cada estado do País – São Paulo, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Sul –, que conseguem garantir rentabilidade acima de R$ 1 milhão investindo em ações. “Não há uma fórmula pronta, assim como não há só um caminho. O que tem de comum entre os investidores é fazer do cuidado do dinheiro uma rotina”, aponta Neto.
Investimento no futuro
É dentro dessa visão que ele repudia a crença de que perfis conservadores não devem ingressar no mercado acionário. “Quem pensa em aposentadoria deve aplicar 100% do capital guardado para essa finalidade em ações”, recomenda. Segundo ele, mesmo entre as classes A e B, a preocupação com este momento da vida ainda é relegada ao segundo plano. “Os brasileiros, mesmo das classes mais abastadas, ainda não se preparam financeiramente para este momento da vida e, quando ele chega, geralmente cai muito o padrão de vida das pessoas, o que acarreta em muito sofrimento”, alerta.
Essa baixa preocupação com o futuro, somada ao crescimento da expectativa de vida, pode ser ainda mais complicada para as próximas gerações. “O Brasil tem todas as chances de ser um país rico daqui a 30 anos, mas quem está no mercado de trabalho agora, precisa começar a planejar o futuro para conseguir fazer parte disso”, analisa. Segundo Neto, é na faixa entre 35 e 45 anos que, normalmente, as pessoas têm os melhores rendimentos. Contudo, é nessa fase que as pessoas aumentam seus compromissos financeiros. “É justamente quando as pessoas decidem casar e ter filhos”, reconhece. “Não estamos condenando esse tipo de decisão, mas a pessoa também deve estar atenta em guardar dinheiro, ao invés de dar tudo para as novas gerações”, acrescenta.
Na avaliação do economista, no Brasil impera a cultura de se preocupar em garantir a segurança das gerações mais novas e não as mais velhas, até porque, historicamente, somente após 1994, o brasileiro começou a ter o direito de pensar no que fazer com seu dinheiro. “Antes a realidade econômica inviabilizava qualquer planejamento, porém, quem não cuidar do seu dinheiro enquanto está no mercado de trabalho, certamente acabará sofrendo privações ao final da vida”.
Quanto à opção de aplicação em planos de previdência privada, ele ressalta que pela legislação brasileira, apenas 49% desses fundos podem ser compostos por ações. “O restante precisa ser preenchido com renda fixa, o que diminui a rentabilidade. É um caminho para quem não consegue se disciplinar a guardar dinheiro, mas quem consegue pode partir para algo que amplie seus ganhos”.
Quanto às ações mais interessantes a médio e longo prazo, Neto indica papéis de empresas de energia e de bancos. “O planeta demanda por energia e os bancos brasileiros seguem garantindo retornos bem positivos”, indica.
Leia mais
Clínica financeira ensina a organizar orçamento doméstico
