Assim como o mercado de ações, o mundo das moedas digitais também exige educação financeira. “A percepção do mercado já melhorou muito, mas as criptomoedas são genuinamente diferentes, um ativo novo, que ainda estamos aprendendo a precificar”, afirma Fernando Ulrich, especialista da XP Investimentos.
Os investidores precisam ter em mente que, na visão de especialistas, uma alta do bitcoin como a vista no ano passado não deve se repetir, apesar do potencial de apreciação ainda existir. “Quem entra nesse investimento está se sujeitando a um risco maior”, diz Ulrich. Ele conta que, em busca de ganhos maiores, muitos investidores trocaram o bitcoin por outras moedas virtuais, como ethereum e XRP.
Atraído pela alta valorização, Eduardo Strazza entrou no mundo das criptomoedas em novembro. A estratégia foi gastar pouco em bitcoin e utilizar os ganhos na compra de outra moeda virtual, a iota. “Mas sempre me preocupa qualquer investimento sem fundamento, sem regulamentação e em que as pessoas nem fazem ideia do mercado”, pondera.
Outro perfil de investidor é o daquele que, por ora, tem apenas testado o mercado, sem intenção de ganhos relevantes. É o caso do designer Ewerton Mokarzel, que investiu US$ 60 para testar o mercado. Ele afirma que já investe na Bolsa há quatro anos e, apesar de ter entrado no mercado de criptomoedas antes da supervalorização do ano passado, não se preocupou com a queda do começo de 2018. “Como não tenho muito dinheiro investido, mantive o investimento e aproveitei a queda para comprar um pouco mais. Não pretendo sair no curto ou no médio prazos.”
Conhecimento – Nas redes sociais, o número de comunidades sobre as moedas digitais vem crescendo. Em muitas delas, a mensagem é de otimismo sobre o desempenho futuro desses investimentos, incluindo conselhos para os investidores não serem contaminados pelos especialistas, que indicam a existência de uma bolha prestes a estourar. Somado a isso, há o compartilhamento de casos de sucesso e de cursos e palestras sobre o assunto.
Alguns desses cursos já são ministrados há três anos pela Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap). No entanto, a demanda cresceu rapidamente no ano passado.
Já passaram por lá mais de 1,2 mil alunos. “As turmas estão cheias. A procura cresceu muito, puxada pela possibilidade de ganho rápido”, comenta Henrique Poyatos, professor da Fiap. Para este ano, com a perspectiva de mais crescimento, novos cursos serão planejados.
Segundo Poyatos, os cursos disponíveis tentam enfatizar a importância de diversificação, para evitar que os investidores apliquem todos os seus recursos em moedas virtuais – um segmento que já mostrou estar sujeito a volatilidade.
A PUC-Rio foi a primeira universidade a colocar uma disciplina eletiva sobre criptomoedas no curso de graduação. Depois, a disciplina foi levada para a pós-graduação e, posteriormente, a cursos de extensão. Os cursos livres já atraíram 350 alunos.
Além disso, a PUC-Rio lançou um curso digital aberto de introdução às moedas digitais, que em três dias recebeu 1,2 mil inscrições de várias partes do País. Para março está programada uma nova rodada de conteúdo online, com expectativa de 5 mil participantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.