Rio

  – A corretora Marlene Medeiros aplicou R$ 3 mil num fundo de investimento do Banco Itaú em maio. Quando mudaram as regras dessas aplicações, Marlene viu que estava perdendo dinheiro dia a dia, mas não podia tirar os recursos do fundo porque não cumprira o prazo de carência de um mês.

“Quando apliquei o dinheiro, paguei a CPMF pela transferência da conta corrente. No fundo, descontaram o IOF e o Imposto de Renda antecipado em cima de uma rentabilidade programada. Na mudança das regras, eu vi que estava perdendo R$ 13, R$ 15, até R$ 20, por dia. A perda total chegou a R$ 350, mais do que 10% do que tinha aplicado” – conta.

As perdas dos investidores nessas aplicações (os fundos DI, já considerados os mais seguros do mercado, chegaram a dar prejuízo de até 4% num único dia) fizeram muitos procurarem outras formas de investimento. Além da migração para a tradicional poupança e CDBs, os chamados ativos reais, como ouro e imóvel, viraram opção para investidores. De janeiro para cá, o ouro subiu 50,23%, numa valorização superior à do resto do mundo, já que o preço no Brasil acompanha também a alta do dólar.

Já os apartamentos de um quarto chegaram a subir até 26%, como no Flamengo. O preço médio desse tipo de imóvel passou de R$ 91.516 para R$ 115.769. Em Copacabana, um apartamento de dois quartos – que costumam ser os mais vendidos – custava R$ 169.046, em janeiro, e subiu em agosto para R$ 204.423, uma alta de 20,92%, de acordo com a pesquisa do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis do Rio de Janeiro (Secovi/RJ).

Segundo Carlos Egon, diretor da empresa Praxis-Emprab, especializada em avaliação de imóveis, a alta do dólar também incentivou a migração:

Isso é mais evidente nos apartamentos novos. Há prédios quase inteiros comprados por grandes investidores. Quando há essa incerteza na economia, aumenta a procura por imóveis, que faz subir o preço, já que a oferta é quase fixa explica Egon.

Segundo Egon, nos imóveis usados, o fenômeno se repete, porém com menos intensidade. No caso do ouro, o investimento exige um valor de aplicação inicial alto: em torno de R$ 8 mil. O analista Leão Machado Neto, diretor da corretora Spinelli, diz que o metal é sempre procurado em momentos de turbulência como o atual.

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