São Paulo
– Após operar praticamente o dia todo em alta, pressionado pelo vencimento de uma dívida cambial, o dólar cedeu perto do fim da sessão e encerrou a terça-feira em leve baixa de 0,13%, vendido a R$ 3,91. Segundo operadores, uma pequena realização de lucros por parte de alguns bancos em uma tarde de poucos negócios foram os ingredientes principais para o recuo da moeda. A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em alta de 2,22%, com 9.331 pontos e movimento de R$ 597 milhões.Pela manhã, enquanto ainda estava sob a a pressão da dívida de cerca de 1,1 bilhão de dólares que vence hoje, a moeda norte-americana chegou a ser cotada a 3,980 reais, um avanço de 1,66%. Os investidores forçam o dólar para cima na véspera de vencimentos para garantir uma cotação média elevada para a moeda estrangeira, a chamada Ptax. Esse valor médio é usado pelo Banco Central para resgatar a dívida em moeda estrangeira.
“O que aconteceu é que pela manhã o mercado pressionou para formar a Ptax por causa do vencimento. Passada essa pressão, alguns bancos resolveram realizar e com isso veio o alívio. Mas o volume foi bem pequeno e quem mais operou foram as tesourarias”, comentou Luis Antônio Abdo, da área de câmbio da Pioneer Corretora.
O Banco Central vem tentando rolar as dívidas cambiais, com a oferta de novos papéis atrelados ao dólar, mas fracassou nas três tentativas realizadas ontem pela manhã e no dia anterior. Em cada um dos três leilões realizados, o BC ofereceu cerca de 525 milhões de dólares em swap cambial. Mas a demanda pelos contratos foi pequena e, ainda assim, a autoridade monetária recusou todas as propostas feitas pelo mercado.
“O BC até tentou fazer a rolagem, mas com as taxas de mais de 60 por cento pedidas pelo mercado fica difícil. Comenta-se inclusive que ele teria vendido cerca de 200 milhões de dólares para tentar conter a pressão no câmbio hoje (ontem)”, comentou Abdo.
No ano, o dólar acumula alta de 68,90%. Neste mês, a alta é de 4,13%.
Brasil se mantém no topo dos juros
São Paulo
(AG) – Há quatro meses consecutivos no topo do ranking dos países com juros reais (descontada a inflação) mais altos do mundo, o Brasil deve encerrar o último trimestre do ano com taxa real acima de 10% ao ano – o patamar mais alto desde 1999, segundo projeções da Global Invest.A consultoria, responsável pela elaboração do ranking, projeta taxa real de 10% em outubro, 10,3% em novembro e 10,7% em dezembro com a elevação da taxa básica de juro da economia, a Selic, de 18% para 21% ao ano, anunciada na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A inflação acumulada em 12 meses foi prevista em 7,8% em outubro, 7,8% em novembro e 7,7% em dezembro.
Com essas taxas, o Brasil deve continuar encabeçando a lista por mais tempo. Em setembro, a taxa real de juro do Brasil foi de 9,7% ao ano. O segundo juro mais elevado foi o da Polônia, de 8,4%. O terceiro colocado foi a Turquia, com juro real de apenas 6,1% ao ano. Para se ter uma idéia de como o juro brasileiro é alto, a taxa média dos países emergentes era de 1,7% ao ano em setembro.
O levantamento inclui 40 países, dos quais 23 são considerados emergentes e 17, desenvolvidos.
Fernando Ferreira, diretor da Global Invest, lembra que o Brasil é o único país que esteve entre os quatro primeiros no ranking desde o início da pesquisa, feita há 43 meses. Essa é também a 20ª vez em que o Brasil lidera o ranking.
– Dificilmente o país deixará de liderar o ranking nos próximos seis meses. O próximo governo não fará uma redução abrupta e apressada. O problema é que manter o juro elevado por tanto tempo, como vem sendo feito, elevou o endividamento público de forma brutal. Não há condição de honrar o endividamento se o juro continuar a ser aumentado a qualquer instante. Ter um juro de 18% ao ano já não era ter uma política monetária frouxa – diz o economista.
Ferreira não vê motivo para que o Copom promova novo aumento de juro na reunião que está em curso. Na opinião dele, atacar o aumento da inflação com juro mais alto não é uma política eficiente, pois as taxas mais altas têm impacto muito grande na dívida pública e provocam ainda mais inquietação no mercado financeiro.
Taxa será mantida pelo PT
Rio
(CNN) ? Caso Luiz Inácio Lula da Silva vença o segundo turno das eleições presidenciais, no próximo domingo, o futuro governo não reduzirá a taxa de juros se houver um risco de inflação, afirmou ontem Antonio Palocci, o coordenador do programa do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT). “Temos o desejo em nosso programa de governo para um desenho de um processo econômico com taxas de juros mais baixas. Mas reduzir juros não depende só da vontade do governo. Exige condições”, disse o assessor. “Não vamos baixar as taxas de juros com o risco de se aumentar a inflação”.Perguntado sobre detalhes, o assessor respondeu que seria necessário, inicialmente, criar condições para diminuir os juros, acrescentando que “o controle da inflação é um dos pontos”. Outros pontos citados por Palocci na entrevista incluem a “tranqüilidade na transição, diante da turbulência econômica”; “uma equipe econômica comprometida com as transformações necessárias para o país”; e a “preservação dos programas sociais de eventuais cortes de gastos”.
Ainda na entrevista, concedida à Rede Globo de Televisão, Palocci disse que Lula só fará a escolha de sua equipe de transição a partir da próxima segunda-feira, tão logo se confirme sua vitória no segundo turno.