Investidor muda perfil e já não teme o risco

Rio

  – A teoria de que o brasileiro é, por definição, um investidor avesso ao risco está mudando. Segundo levantamento da Bolsa de Valores de São Paulo, nos últimos cinco anos, a participação de aplicadores pessoa física triplicou no pregão paulista. Em 1996, eles respondiam por 9,3% do total de negócios. Em agosto deste ano, os pequenos investidores já concentravam 27,4% das operações na Bovespa.

O surgimento de grandes sites financeiros a partir de 1999 e a compra de ações com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ajudaram a desmistificar o mercado de capitais e mostraram para o investidor uma alternativa mais rentável para a boa e velha poupança.

Em maio deste ano, a bolsa paulista criou o programa “Bovespa vai à fábrica”, que busca atrair trabalhadores para o mercado de capitais. A meta é dar novo fôlego ao segmento e conta com a parceria da Força Sindical, de olho nos 14 milhões de trabalhadores ligados à Força.

? Queremos democratizar o mercado. Hoje, existem 90 mil clientes ativos em bolsa. Nosso objetivo é dobrar esse número em menos de dois anos. Com uma base de investidores mais sólida, o mercado cresce, gera empregos e, claro, traz lucro para o acionista ? diz Raymundo Magliano Filho, presidente da Bovespa.

Apesar na queda do volume global de negócios, a idéia de um mercado popular ganha força quando se conhece as histórias por trás dos números. Na bolsa, estudantes, aposentados, imigrantes e operários jogam por terra o conceito de que o mercado ainda é para poucos.

O metalúrgico Tadeu Morais de Sousa, de 43 anos, e o estudante Leandro Silvestrini, de 22 anos, fazem parte desta realidade. O primeiro, de perfil conservador, descobriu o mercado na faculdade de Administração que fez à noite, após a jornada na fábrica. O segundo tem apetite de risco e herdou do pai o gosto pelo mercado.

Depois de aplicar os recursos do seu Fundo de Garantia em ações da Petrobras e da Vale do Rio Doce, Tadeu tomou gosto pelo mercado e resolveu aderir ao primeiro clube de investimentos da Bovespa em parceria com a Força Sindical, o Clube Força 1. A partir de um mínimo de R$ 29 mensais, ele vai comprar ações em bolsa.

? Investi R$ 15 mil na Petrobras e, um ano e meio depois, tenho R$ 24 mil no fundo. Queria voltar a comprar ações e vi que, com menos de R$ 1 por dia, era possível aplicar em outras empresas e formar uma reserva para a minha aposentadoria ? conta.

Já Leandro, apesar de mais jovem, conhece bem o mercado. Depois do Ensino Médio, deixou de lado o projeto de fazer faculdade e resolveu ganhar dinheiro em bolsa. A internet abriu espaço para o aprendizado e as informações em tempo real aumentaram as oportunidades de investimento.

? Passo o dia inteiro acompanhando o mercado, procurando papéis com chance de ganho no curto prazo ? diz.

Na casa dos Silvestrini, ação é tema de debate em família: ali, todos investem em bolsa e a dedicação integral de Leandro ao mercado permitiu que pai e filho vivessem do rendimento das aplicações e a mãe comprasse seu próprio negócio, uma loja de artigos esportivos.

? Meu sonho é montar minha própria corretora e, para isso, tenho que apostar todas as minhas fichas ? conta.

O metalúrgico Tadeu, no entanto, tem como objetivo aumentar a poupança para os filhos.

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