economia

Investidor está otimista com Brasil, mas quer avanço na reforma fiscal, diz BofA

O investidor estrangeiro está otimista com o Brasil, mas quer ver mais avanços nas reformas fiscais antes de aumentar sua exposição aos ativos brasileiros, que já subiram bastante nos últimos meses. A conclusão é da equipe brasileira do Bank of America (BofA), que se reuniu na semana passada com um grupo de 35 investidores em Londres.

Segundo relatório, assinado pelo economista David Beker, o sentimento geral dos estrangeiros em relação ao Brasil é positivo. “Entretanto, os clientes reforçaram a necessidade de progressos concretos na agenda de reformas para que haja um novo ganho nos preços dos ativos brasileiros. Além disso, esse potencial ganho seria condicionado a um ambiente externo positivo”, diz o texto.

Os economistas do BofA comentam que se encontraram com clientes que, até pouco tempo atrás, não estavam interessadas em entrar no mercado brasileiro, dado o risco elevado, e agora estão correndo para tirar o atraso. “A recente correção em ativos mais arriscados pode desencadear uma entrada de recursos, se houver uma clareza maior sobre o cenário global”, explicam.

O BofA diz ainda que uma melhora no rating do Brasil no curto prazo é improvável, mas que as agências de risco podem remover a observação negativa se o governo conseguir aprovar a PEC dos gastos e avançar com a reforma da Previdência. “Uma elevação do rating no próximo ano é possível, mas vai depender das reformas fiscais e do desempenho econômico.”

Os analistas do banco apontam que receberam diversas perguntas dos investidores sobre a política cambial do Banco Central. A grande dúvida é o que a autoridade vai fazer após zerar o estoque de swap cambial tradicional, o que deve ocorrer no fim deste ano. “Em geral, nossos clientes acreditam que o BC não está disposto a elevar as reservas internacionais, dado o alto custo e o fato de que ainda não há dólar spot para ser comprado (os bancos locais estão vendidos em US$ 29,4 bilhões). Sobre os swaps, o BC poderia assumir uma posição líquida comprada em dólares, mas a percepção é de que a autarquia não gosta deste instrumento”, relatam.

O banco norte-americano indica ainda que as reformas fiscais são essenciais para manter as expectativas de inflação ancoradas e permitir uma redução dos juros. Segundo o relatório, os investidores internacionais acreditam que o BC pode reduzir a Selic em mais de 4,00 pontos porcentuais. O BofA em si tem uma visão menos agressiva e prevê que o ciclo de afrouxamento deve ser de 3,00 pontos porcentuais, começando já em outubro.

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