O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse ontem que a intervenção judicial decretada na Parmalat Brasil prejudicou a intenção do governo de “fatiar” a empresa. “A intervenção embolou o meio-de-campo, pois tem como objetivo salvar a empresa, enquanto o governo quer preservar o setor produtivo”, disse ele durante reunião do Fórum Nacional dos Secretários de Agricultura.

Rodrigues voltou a defender o arredamento com opção de venda, preferencialmente para as cooperativas, como a melhor saída para manter a atividade da cadeia produtiva de leite.

“O governo não está preocupado com a Parmalat. Nossa prioridade é o produtor, o consumidor e o trabalhador”, acrescentou o ministro. Para promover o fatiamento, informou Rodrigues, bancos privados e oficiais poderiam financiar investimentos e capital de giro.

A Parmalat Spa – controladora da Parmalat Brasil -rejeita a proposta de fatiar a filial brasileira entre cooperativas de leite e trabalhadores do setor rural e da indústria de alimentação. A proposta está sendo costurada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores).

“Fatiar a empresa é desmantelar, esvaziar o valor da Parmalat Brasil. As maiores forças de uma empresa são sua marca e seu sistema de distribuição. E isto não pode ser fatiado”, disse anteontem à noite o advogado Thomas Felsberg, representante da Parmalat Spa no Brasil.

Segundo ele, “o esvaziamento econômico” da Parmalat Brasil também será de responsabilidade do Sumitomo, credor da Parmalat Brasil e autor da ação que resultou na intervenção da empresa, afastamento de seus diretores e nomeação de novos interventores.

O interventor da Parmalat Spa, Enrico Bondi, enviou uma carta ao Sumitomo alertando o banco que poderá processar a instituição por qualquer prejuízo causado pela equipe interventora.

“Se o banco não pediu a intervenção, também nada fez para evitá-la. O banco poderia ter desistido da ação”, disse Carlos Miguel Aidar, advogado do escritório Felsberg & Associados.

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