O Japão pode enfrentar uma forte reação dos Estados Unidos, caso tente enfraquecer artificialmente o iene, afirmou um assessor do primeiro-ministro Shinzo Abe nesta quarta-feira. O assessor, o professor emérito de Yale Koichi Hamada, citou objeções do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, e também de autoridades da Casa Branca a uma eventual intervenção direta de Tóquio no câmbio.
Autoridades japonesas ameaçaram nas últimas semanas intervir no mercado para conter o avanço do iene, que pesa sobre os exportadores japonesas. Washington, porém, deixou claro que não tolerará uma intervenção. Nas circunstâncias atuais, se o Japão intervir no mercado cambial para conter o iene isso poderia gerar “efeitos posteriores consideráveis” em suas relações com os EUA, disse Hamada em entrevista recente ao Wall Street Journal.
“Intervir sem dar a devida consideração às relações diplomáticas não seria inteligente”, disse Hamada. Evitar a intervenção seria uma “aposta segura” para o Japão, especialmente se ele não conseguir chegar a um acordo com os EUA sobre o tema, acrescentou.
Hamada é um arquiteto das estratégias pelo crescimento lançadas por Abe em 2013 e conhece muitas autoridades norte-americanas. O Japão não intervém no câmbio desde o fim de 2011, quando o Tesouro dos EUA emitiu uma dura reprimenda contra as intervenções conduzidas naquele ano e no anterior por Tóquio.
O assessor de Abe vê uma mudança de atitude em Washington em relação aos programas de Abe. No início dos esforços do premiê para impulsionar o crescimento, as autoridades dos EUA não deram muita atenção para o iene fraco, provavelmente porque queriam dar uma ajuda ao Japão em sua busca por uma reação econômica, disse Hamada. “Mas eles podem não ter mais o mesmo sentimento.”
Hamada disse que a mudança de atitude dos EUA pode ocorrer diante de “um senso de incerteza tanto nos EUA quanto no Japão sobre as perspectivas para suas economias”. Ele informou ter se reunido recentemente com algumas autoridades do Federal Reserve e ficou com a impressão de que o BC dos EUA considera a fraqueza do iene “um peso sobre a economia dos EUA” e se opõe à intervenção no câmbio. Fonte: Dow Jones Newswires.