O Indicador de Intenção de Investimentos da Indústria recuou 7,6 pontos no segundo trimestre de 2018 em relação aos três primeiros meses do ano, informou nesta sexta-feira, 15 a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com a queda, o indicador ficou em 116,1 pontos, nível semelhante ao do quarto trimestre de 2017, quando ficou em 116,0 pontos.
O Indicador de Intenção de Investimentos mede a disseminação do ímpeto de investimento entre as empresas industriais. O objetivo é antecipar tendências econômicas. Segundo a FGV, a leitura do segundo trimestre trouxe pouca influência da greve de caminhoneiros, deflagrada em 21 de maio, ou seja, é possível esperar mais uma queda na leitura do terceiro trimestre.
“Quando a greve dos caminhoneiros do final de maio foi deflagrada, cerca de 95% dos questionários da pesquisa já haviam sido respondidos. Isso não é uma boa notícia. O resultado da pesquisa, portanto, mostra que o aumento da incerteza (interna e externa) e o ritmo lento da economia já haviam motivado revisões nos programas de investimento das empresas antes mesmo da paralisação dos caminhoneiros. O investimento deve continuar crescendo, mas a taxas menores do que antes”, afirma, em nota, o superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), Aloisio Campelo Jr.
A sinalização de alta nos investimentos, ainda que mais moderada, está no fato de que, mesmo com a queda no segundo trimestre, o Indicador de Intenção de Investimentos se mantém acima dos 100 pontos, nível em que a proporção de empresas prevendo aumentar o volume de investimentos nos 12 meses seguintes é superior a das que projetam reduzir os investimentos. Foi o sexto resultado consecutivo que o indicador fica acima ou igual a 100 pontos.
Ainda assim, entre o primeiro e o segundo trimestres de 2018 houve redução da proporção de empresas que preveem investir mais, de 34,7% para 28,9%, e aumento da proporção das que preveem investir menos, de 11,0% para 12,8%.
Também aumentou a incerteza em relação aos planos de investimento. No segundo trimestre de 2018, a proporção de empresas “certas” quanto à execução do plano de investimentos foi de 28,3%, abaixo da parcela de 28,7% de empresas “incertas”. O saldo de -0,4 ponto porcentual (p.p.) é o menor valor desde o quarto trimestre de 2016. No primeiro trimestre, a diferença foi positiva, de 14,2 p.p., com proporções de 33,4% e 19,2%, respectivamente.
“O resultado geral da pesquisa reforça o cenário de instabilidade que vinha se desenhando nos trimestres anteriores. Houve redução na intenção de realização de investimentos e aumento da incerteza. O resultado da pesquisa foi pouco influenciado pela greve dos caminhoneiros, dado que grande parte da coleta de dados ocorreu antes do início do movimento”, diz a nota da FGV.