O governo da China deve estar mais preocupado com a possibilidade de instabilidade social em razão das manifestações no Oriente Médio e no norte da África, acreditam executivos financeiros no exterior. Dessa forma, dará prioridade ao crescimento econômico e não ao combate à inflação.
“Acredito que o governo chinês seguirá com uma política monetária gradual”, disse Joyce Chang, estrategista-chefe de emergentes do JPMorgan. “A instabilidade social colocará um limite no aperto a ser feito pelo governo”, concordou David Lubin, chefe de emergentes do Citi.
Até pouco tempo, prevalecia o debate sobre se a China conseguiria um pouso forçado ou suave, uma questão fundamental para o desempenho de outras economias pelo mundo. Agora, parece prevalecer a visão de que haverá pouco freio. “A China não terá pouso porque o crescimento continuará muito forte”, disse Helene Williamson, gestora de recursos da F&C.
Nesse cenário, cresce entre os especialistas a preocupação sobre uma crise na potência asiática, já que o governo não estaria fazendo o suficiente para esfriar a economia. Para Gene Frieda, gestor da Moore Capital, a China deve passar por turbulência bancária daqui a dois ou três anos. Esse também é o prazo previsto para uma “grande correção” no mercado imobiliário, avalia Kevin Daly, gestor da Aberdeen Asset Management.
Para Arnad Das, diretor de pesquisas da Roubini Global Economics, a economia chinesa é extremamente distorcida, baseada nas exportações, enquanto o consumo representa menos de um terço do PIB. “É um modelo que termina em lágrimas, impossível não haver uma crise.