A infra-estrutura de transporte no Brasil precisa ser urgentemente aprimorada, caso contrário se tornará um freio no crescimento econômico. Foi o que discutiu ontem o fórum ?Transporte do futuro: soluções estratégicas?, realizado em Curitiba pela Estação Bussines School e Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Fetranspar). Segundo o presidente da Federação, Luiz Anselmo Trombini, está na hora de o governo abrir os olhos para a real necessidade do transporte, principalmente no que diz respeito às parcerias público-privadas; já o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, admite que os recursos do PAC para esse setor, da ordem de R$ 30 bilhões, são insuficientes, mas os considera parte de um pacote de uma complexa política de investimentos.
?A iniciativa privada quer investir, mas, se o governo não der a contrapartida, haverá produção, mas não haverá como transportá-la?, alerta Trombini. Sozinho, garante, não há como o governo solucionar os problemas que o Brasil vai enfrentar com o crescimento no ritmo em que está e o conseqüente caos do transporte. ?Hoje o País já está no sufoco. Se crescêssemos nos índices de China, Índia e Rússia, teríamos sérios problemas.?
De acordo com estudos da Confederação das Empresas de Transporte de Cargas e da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), o País precisaria investir nada menos que R$ 500 bilhões em infra-estrutura, seja rodoviária, ferroviária ou hidroviária, para conseguir se enquadrar, em termos de transporte, no mesmo décimo lugar que ocupa dentre as vinte principais economias do mundo.
A equação desse cálculo levou em conta aspectos populacionais, territoriais e de frota para um comparativo da malha rodoviária brasileira frente aos parâmetros das potências mundiais. O Brasil, relativamente aos demais países, posiciona-se no último e penúltimo lugares quando o assunto é infra-estrutura de transporte rodoviário e ferroviário, respectivamente.
O ministro Paulo Bernardo, que palestrou no evento, reconhece que os recursos são escassos, mas vê o PAC como pontapé inicial para virar o jogo da falta de investimentos que o Brasil viu ao longo dos últimos vinte anos e atesta que os recursos privados estão nos planos. ?Nosso desafio é reconstruir a infra-estrutura de transporte a tempo de não segurar o processo de crescimento. O PAC vem como iniciativa do governo para injetar recursos onde há muito não tínhamos, de forma a organizar um mínimo de infra-estrutura de logística e energia para isso. Mas outros investimentos devem vir, tanto do governo como da iniciativa privada, para a qual também criaremos alternativas.?