O desemprego na América Latina foi superior a 10% em 2000. O 42.º relatório anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), divulgado ontem, informa que, na região, 25% dos trabalhadores mudam de emprego a cada ano e que somente 55% dos empregados da América Latina têm a cobertura de um contrato de trabalho.
Investimento em educação e qualificação profissional, legislação que proteja o trabalhador e mecanismos que aumentem a eficiência no sistema de intermediação de empregos são algumas das saídas para o desemprego na América Latina apresentadas pelo relatório do BID.
O documento revela que entre metade e dois terços da renda total da América Latina e do Caribe são gerados no mercado de trabalho. Mostra também que mais de 70% das famílias latino-americanas dependem diretamente da renda do trabalho para viver.
O relatório, intitulado “Mercado de Trabalho na América Latina”, enumera como essenciais para garantir e aumentar as vagas o crescimento econômico, a estabilidade e a fiscalização. O assessor para Economia do Trabalho, Gustavo Márquez Mosconi, considera que somente assim estarão criadas as condições para também reduzir a informalização do trabalho na região, que atinge um em cada cinco trabalhadores.
Na opinião do especialista, é fundamental que os países tenham consciência da necessidade de amenizar os efeitos das políticas fiscais sobre o mercado de trabalho. Ele lembra que o efeito de um aperto fiscal em um país pobre é mais forte porque exatamente quando ele mais precisa gerar emprego, não tem condições. Mosconi lembrou que o Brasil e o Chile foram pioneiros na promoção de saídas para reduzir os problemas trazidos pelas políticas fiscais.
Ao contrário do que se pensava, o estudo do BID revela que a abertura comercial, as privatizações e o avanço tecnológico não influenciaram tanto na redução de oferta de empregos. Mas Mosconi observa que essa constatação não é unânime em relação aos vários estudos sobre o assunto. Para ele, como a economia cresceu no período, é difícil separar ganhos e perdas.
Apesar do diagnóstico não muito otimista sobre o mercado de trabalho na América Latina, o vice-presidente do BID, Paulo Paiva, ex-ministro do Trabalho, tem esperanças de dias melhores para os trabalhadores da região. Ele concorda com o documento com relação ao baixo crescimento de empregos na última década. Mas, por outro lado, observa que ocorre uma grande rotatividade de trabalhadores em empregos (25% ao ano) na região.
Paulo Paiva destaca que, para gerar emprego, é necessário crescimento econômico, com estabilidade e competitividade. Como aliadas, ele defende ações coordenadas de políticas trabalhistas e sociais associadas à política econômica.