Inflação superestimada

A inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre o final da década de 80 e 2003 pode estar superestimada, o que explica por que a renda real (que é deflacionada pela inflação oficial) cresceu bem menos do que o consumo.

Para Irineu de Carvalho Filho e Marcos Chamon, autores do estudo ?O mito da estagnação da renda pós-reformas no Brasil?, a superestimação da inflação é a causa básica da discrepância entre o baixo crescimento da renda das famílias naquele período, medido pelas estatísticas oficiais, e o aumento do consumo por eles detectado.

Na verdade, a razão mais profunda para aquela diferença seria que grandes benefícios para a população, especialmente a mais pobre, associados ao fim da hiperinflação e à abertura econômica nos anos 90s, não estariam sendo captados pelos índices de preços. ?O trabalho indica que as políticas liberalizantes dos anos 90s foram muito mais bem-sucedidas do que aquilo que aparece nos números do crescimento do PIB?, diz Samuel Pessôa, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio.

O IBGE contesta o trabalho de Carvalho Filho e Chamon, que trabalham no Fundo Monetário Internacional (FMI). Já é um fato comprovado que os Índices de Preço ao Consumidor (IPCs) de muitos países tendem a superestimar a inflação. Nos Estados Unidos, o viés (como se chama este efeito) já foi calculado, e é de 1% ao ano.

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