Curitiba fechou o mês de julho com inflação de 0,70%. É o que revela o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) para famílias que recebem até 40 salários mínimos. A taxa acumulada no ano (janeiro a julho) é de 7,39%, e nos últimos 12 meses, de 8,78%. Segundo a coordenadora da pesquisa, Maria Luiza de Castro Veloso, a alta dos preços em Curitiba sofreu desaceleração de 0,57 ponto percentual em relação ao mês anterior, que havia sido estimada em 1,27%.
Entre os sete grupos pesquisados, transporte e comunicação foi o que mais influenciou no resultado final do índice, com alta de 0,86%. Os itens que registraram maior aumento foram automóvel de passeio nacional zero quilômetro (1,40%), automóvel de passeio usado (0,65%), álcool combustível (3,01%) e telefone residencial – serviços (1,69%). Já o item conserto de veículos registrou queda de 1,75%.
O grupo alimentos e bebidas fechou o mês com variação positiva de 0,73%. Os itens que mais contribuíram para a alta foram o leite pasteurizado (aumento de 3,34%), batata-inglesa (14,12%), almoço e jantar (0,97%) e açúcar refinado (7,89%). Com queda, tomate (15,67%) e mamão (18,46%). Outros grupos que apresentaram alta foram habitação (0,70%), saúde e cuidados pessoais (1,67%), despesas pessoais (0,33%) e artigos de residência (0,94%). Já o vestuário foi o único grupo a fechar o mês com variação negativa – queda de 0,82%, revertendo a alta que vinha ocorrendo desde março.
Principais itens
Já os itens que mais contribuíram, isoladamente, na variação do IPC em julho foram: com alta, a excursão não-escolar (aumento de 25,46%), plano de saúde (6,10%), energia elétrica residencial (2,67%), automóvel de passeio nacional zero (1,40%), leite pasteurizado (3,34%). Com queda, as casas noturnas (-11,97), conserto de veículos (-1,75%), tomate (-15,67%), agasalho feminino (-14,35%), camisa masculina (-5,97%), mamão (-18,46%), agasalho infantil (-13,57).
De acordo com o economista Gino Schlesinger, do Ipardes, o IPC em julho ficou dentro das expectativas. “A gente já esperava a queda no grupo vestuário. Além disso, alimentos e bebidas não pressionou tanto”, afirmou. O IPC de julho é o menor desde março, quando a inflação foi de 0,48% – igual ao de fevereiro. Em junho, o IPC havia sido de 1,57%. “Essa queda na inflação ocorreu, principalmente, pela desaceleração dos índices dos grupos alimentos e bebidas, vestuário e transporte e comunicação”, ressaltou a coordenadora da pesquisa, Maria Luiza de Castro Veloso.
Expectativas
Em agosto, a inflação deve ser maior, segundo previsão do economista Gino Schlesinger. As principais influências devem vir da gasolina, álcool combustível, energia elétrica e telefone fixo. “Nossa estimativa é de que a gasolina tenha subido 10% e o álcool, 14%. Com isso, a contribuição da gasolina na inflação de agosto deverá ser de 0,24 ponto percentual e do álcool, 0,15 ponto percentual”, afirmou Gino. Além disso, a energia elétrica subiu 5,28% para o consumidor – contribuição de 0,12 p.p. – e o telefone fixo, 5,09% – 0,09 p.p. Somando todos esses itens, agosto já começa com inflação de 0,60%. “A previsão para agosto, numa análise otimista, é de inflação de 0,80% a 0,90%. Haverá, por exemplo, pressão negativa da excursão e do vestuário, enquanto o grupo alimentos e bebidas deve permanecer estável.”
Para Gino, com os número de agosto, a inflação em Curitiba deve ultrapassar a casa de 8% – teto da meta prevista pelo governo federal para a inflação de 2004. Segundo o economista, uma das principais influências – além de tarifas públicas, como de transporte coletivo, energia elétrica, água e esgoto – foram os itens automóveis zero quilômetro e usados. Os automóveis zero aumentaram 17,07% desde janeiro, enquanto os usados, 9,96%.
Desemprego em queda
A taxa de desemprego no mês de junho para a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) foi estimada em 8,7%, o que corresponde a 119 mil pessoas desempregadas. Em junho de 2003, a taxa havia ficado em 10,2% – índice 12,5% superior ao calculado em 2004. Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Emprego, calculada pelo Ipardes.
Segundo a pesquisa, a RMC é a que apresenta o menor índice de desemprego entre as seis regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A média nacional de desemprego ficou em 11,7%, sendo que o maior índice foi constatado na Região Metropolitana de Salvador (14,9%), seguida por São Paulo (13,4%) e Recife (12,8%).
Em junho, segundo o Ipardes, a População Economicamente Ativa (PEA) de Curitiba e região registrou crescimento de 1,8%, ou seja, 24 mil pessoas a mais. A pressão veio sobretudo dos inativos, segundo o coordenador da pesquisa, Ciro Cezar Barbosa. A população ocupada passou de 1,226 milhão em maio para 1,245 milhão em junho – variação positiva de 1,5%.
Os setores que mais empregaram indústria extrativa e de transformação (crescimento de 7,9%), seguido por outros serviços (6,2%), intermediação financeira e atividades imobiliárias (0,7%) e serviços domésticos (1,2%). Já o grupo comércio, reparação de veículos automotivos e comércio varejista de combustíveis apresentou redução de 2,2%, e administração pública, queda de 0,5%. A construção civil não apresentou variação no número de pessoas ocupadas.
Com relação ao rendimento, a renda média habitualmente recebida aumentou 3,7% em junho em relação a maio. Assim, a renda média passou de R$ 882,19 em maio para R$ 919,90 em junho, segundo o Ipardes. (LS)