A alta na inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) na passagem de junho para julho foi impulsionada por poucos itens, afirmou o economista Luiz Roberto Cunha, decano da PUC-Rio. O IPCA-15 passou de 0,40% em junho para 0,54% em julho, sob pressão, principalmente, do encarecimento dos alimentos.
“O IPCA-15 veio muito alto, mas acho que veio concentrado. Se você olhar as pressões, vêm do feijão, do leite. E tem as passagens aéreas, que depois de caírem por vários meses, voltam a subir por causa da Olimpíada”, justificou Cunha.
O feijão-carioca, espécie mais consumida no País, teve aumento de 58,06% captado pelo indicador. O leite subiu 15,54%, enquanto as passagens aéreas ficaram 19,05% mais caras.
O economista prevê que os itens também pressionem a inflação no fechamento do mês de julho. A taxa do IPCA deve ficar em 0,55%, estima Cunha.
“Mas é menor do que a taxa de 0,62% de julho do ano passado, então a taxa acumulada em 12 meses deve desacelerar. O problema é que a taxa de agosto de 2015 foi de 0,22%, não sei se a inflação do mês que vem baixa tanto. De qualquer maneira, o IPCA deve fechar o ano em torno de 7%”, lembrou o professor.
Na avaliação de Cunha, a manutenção da taxa básica de juros por um período mais longo não será em resposta à resistência inflacionária, mas sim a um esforço de recuperar a credibilidade da política monetária. Ontem, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu manter a Selic em 14,25% ao ano.
“O Banco Central tem primeiro que recuperar a comunicação, e isso é o que ele está fazendo”, avaliou o decano da PUC-Rio.