Inflação para pobres sobe mais do que para ricos

A taxa de inflação para a população de menor poder aquisitivo foi mais expressiva do que a observada para a população de maior renda na cidade de São Paulo em junho. A informação foi divulgada hoje pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que apesar de apurar que o Índice do Custo de Vida (ICV) apresentou uma leve alta de 0,05% no mês passado, ante avanço de 0,23% no mês anterior, constatou que, para os mais ricos, houve taxa positiva de 0,03% e, para os mais pobres, elevação de 0,11% no período.

O Dieese calcula mensalmente, além do ICV geral, mais três indicadores de inflação, segundo os estratos de renda das famílias da capital paulista. O primeiro grupo corresponde à estrutura de gastos de um terço das famílias mais pobres (com renda média de R$ 377,49); e o segundo contempla os gastos das famílias com nível intermediário de rendimento (renda média de R$ 934,17). Já o terceiro reúne as famílias de maior poder aquisitivo (renda média de R$ 2.792,90).

No primeiro grupo, o ICV de junho foi 0,06 ponto porcentual inferior à variação de 0,17% de maio. No terceiro, de maior renda, a taxa de inflação foi 0,26 ponto porcentual mais baixa que a do mês anterior, de 0,29%. No grupo intermediário, o ICV passou de 0,14% para 0,08% entre maio e junho.

Na avaliação do Dieese, a alta de 0,55% do grupo Alimentação prejudicou mais as famílias do primeiro e do segundo estratos de renda, com contribuições no cálculo de suas taxas de 0,20 ponto porcentual e de 0,19 ponto porcentual, respectivamente, apresentando menor impacto no terceiro estrato, de 0,12 ponto porcentual.

Comportamento inverso foi verificado nas contribuições relativas aos reajustes no grupo Habitação: 0,01 ponto porcentual para os mais pobres; 0,03 ponto porcentual para o estrato intermediário; e 0,06 ponto porcentual para os mais ricos.

Os técnicos do Dieese avaliaram, porém, que, em junho, as diferenças entre os ICVs destes três estratos não foram tão expressivas quanto às observadas em períodos anteriores. “Apesar das taxas apresentarem valores diferentes por estrato de renda, elas não são muito distintas, indicando um comportamento bastante estável, próximas a zero”, analisaram.