Inflação para baixa renda teve menor nível do ano

A inflação percebida pelas famílias de baixa renda registrou em maio o menor nível do ano, ao atingir 0,18%. Segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz, “houve uma grande contribuição dos alimentos, que contam com vários exemplos de queda e de desaceleração, e representam 40% do orçamento mensal doméstico destas famílias”. Ele lembrou que o Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1) abrange famílias com renda de até 2,5 salários mínimos.

Entre os exemplos citados pelo especialista que contribuíram para derrubar a inflação entre a população de baixa renda estão alimentos in natura e processados. É o caso das deflações e desacelerações de preços, de abril para maio, em açúcar refinado (de -0,41% para -4,33%), hortaliças e legumes (de 7,22% para -5,21%), frutas (de 0,19% para -1,30%), pescados frescos (de 1,09% para -0,85%) e óleos e gorduras (de -0,06% para -0,30%). “No caso de in natura e do açúcar refinado, eles podem continuar a cair de preço nos próximos meses, pois a taxa em 12 meses ainda acumula elevações expressivas nestes produtos”, comentou, observando que isso contribuirá para uma continuidade na trajetória de desaceleração do IPC-C1, pelo menos no curto prazo. “Creio que, para junho, continuaremos a ter um IPC-C1 com taxa baixa”, afirmou, acrescentando que, no mês passado, ocorreu a primeira desaceleração na taxa em 12 meses do índice, que passou de 6,58% para 6,04% de abril para maio.

Porém o economista fez uma ressalva. Ao se calcular o núcleo da inflação varejista medida pelo IPC-C1 a partir da exclusão dos alimentos, é possível perceber que há um avanço de preços persistente e em trajetória crescente. A taxa deste núcleo saltou de 0,12% em março para 0,41% em abril, e subindo para 0,45% em maio. De acordo com Braz, o setor de serviços tem comandado o avanço da inflação varejista mensurada pelo núcleo. “Os preços dos serviços entre as famílias de baixa renda, assim como entre famílias com renda mais elevada, estão apresentando taxas de inflação maiores”, disse. Ele lembrou que o aumento no poder aquisitivo da baixa renda, por conta de fatores benéficos como aumentos no salário mínimo e boas perspectivas de emprego, têm estimulando o consumo entre famílias mais pobres, o que eleva preços. Entre os exemplos citados pelo economista de serviços que mostram avanço de preços na taxa acumulada de inflação em 12 meses, de abril para maio, estão barbearia (de 6,31% para 7,35%), salão de beleza (de 5,99% para 6,95%) e cafezinho (de 9,09% para 11,49%).

Braz comentou ainda sobre as estimativas de inflação no longo prazo, entre as famílias de baixa renda. Ele observou que, para o segundo semestre, são esperados aumentos de alguns preços administrados, como plano de saúde e telefonia fixa no País, além de energia elétrica e água e esgoto em algumas cidades. “Poderemos ter um patamar mais elevado de inflação no médio prazo (por conta de administrados), mas será passageiro”, afirmou.