Curitiba registrou, em abril, o terceiro maior IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), com percentual de 0,82%, mais que o dobro do que havia sido registrado em março (0,39%), informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No acumulado do ano o índice oficial de inflação na capital paranaense acumula alta de 2,08%.

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A principal justificativa foi o aumento dos impostos sobre o cigarro e o reajuste dos remédios, mas o movimento de alta já era esperado pelos mercados. O indicador nacional registrou alta de 0,48% em abril, ante avanço de 0,20% observado em março. Em abril de 2008, a taxa havia ficado em 0,55%.

No acumulado no ano, o índice nacional fechou em 1,72%, abaixo dos 2,08% relativos a igual período de 2008. Nos últimos doze meses, ficou em 5,53%, também menor do que nos doze meses imediatamente anteriores (5,61%).

Segundo Eulina Nunes, coordenadora de preços IBGE, o forte avanço do IPCA foi muito concentrado em reajustes pontuais. Para ela, os avanços nos preços de itens como cigarros, serviços domésticos e remédios foram importantes, pois têm grande peso no consumo das famílias.

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“O cenário é totalmente diferente do ano passado, quando os alimentos representavam a principal pressão nos preços. Desta vez, o foco é o grupo de não-alimentos. Os cigarros tiveram o maior avanço devido à elevação do IPI e do PIS/Cofins. Os remédios subiram devido ao reajuste sazonal”, ressalta.

De março para abril, o grupo Despesas Pessoais, com 2,14%, apresentou a maior variação, influenciada, sobretudo, pelo aumento de 14,71% nos preços dos cigarros, responsáveis pela principal contribuição no mês de abril: 0,13 ponto percentual. A alta refletiu parte do reajuste de 16 de março, aliado aos aumentos decorrentes da elevação tanto do IPI como do PIS/Cofins, em vigor desde 10 de abril.

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Além disso, o item “serviços pessoais” também foi destaque no grupo, com aumento de 1,55%. As principais altas foram observadas nos itens empregado doméstico (1,83%), cabeleireiro (1,59%), manicure (1,44%) e costureira (1,16%).

O grupo Saúde e Cuidados Pessoais, com alta de 1,10%, ficou com a segunda maior variação de março para abril, em decorrência dos aumentos dos remédios (2,89%). Esse resultado reflete o reajuste de 5,90% concedido em 31 de março para determinadas medicações.

A coordenadora do IBGE lembra que os serviços de empregadas domésticas vêm aumentando mês a mês. É que em regiões importantes como Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, o salário pago é maior que o mínimo. Porém, ressalta, a alta do salário mínimo serve para balizar o reajuste do pagamento mensal.

“Percebemos que o aumento vem sendo diluído ao longo dos meses. Entre 2004 e 2009, o avanço dos empregados domésticos ficou em 55,97%, contra 31,99% do IPCA geral. Os cigarros no período avançaram 68,98%”, disse Eulina Nunes.

Por outro lado, a redução do IPI em eletrodomésticos contribuiu para a queda de 0,50% dos Artigos de Residência. Além disso, com a demanda baixa, os automóveis também tiveram queda. No caso dos veículos novos, a retração foi de 0,47%; e dos usados, de 1,62%.

“Ainda é cedo para saber se o IPI maior do cigarro neutralizou o IPI menor dos eletrodomésticos e dos carros, que tiveram preços ainda menores devido a promoções do varejo”, concluiu.

O IBGE apontou outros aumentos de preços com peso sobre o índice do mês: vestuário, gás de cozinha e energia elétrica. Por outro lado, o grupo Alimentação e bebidas teve variação positiva menor, de 0,15% em abril ante 0,30% em março.