O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), indicador de inflação calculado pela Apas/Fipe, fechou o ano de 2016 com alta de 7,93%. O índice pesquisa mensalmente 225 itens em seis categorias nos supermercados. A Apas destaca em nota que na comparação com 2015, quando a inflação em 12 meses foi de 11,33%, verifica-se uma desaceleração.
“A variação do IPS em 2016 registrou um primeiro semestre com elevação expressiva e, em junho de 2016, o Índice apontava para uma alta em 12 meses de 13,76%. No entanto, no segundo semestre a recessão econômica, atrelada ao comportamento mais favorável dos preços de FLV (Frutas, Legumes e Verduras), principalmente, contribuiu para a desaceleração dos preços de alimentos de modo geral, com impactos favoráveis aos preços dos supermercados”, destaca a entidade.
Rodrigo Mariano, gerente de Economia da Apas, ressalta na nota que o comportamento dos preços tiveram dois períodos antagônicos: o primeiro semestre, que registrou aceleração expressiva da inflação diante da aceleração de preços, principalmente, dos itens que compõem o grupo de FLV, e aumento do preço do feijão, e o segundo semestre, com a desaceleração expressiva destes itens, contribuindo para uma evolução mais moderada de modo geral dos preços nos supermercados.
Os preços dos produtos industrializados fecharam 2016 com alta de 11,61%, impactados principalmente pela elevação do preço do leite, que se refletiu em aumento nos preços dos derivados do leite (17,55%). Os óleos também pressionaram os preços dos produtos industrializados ao longo de 2016 com alta de 12,84%, diante da elevação dos preços da soja. Outro item que pressionou os preços dos industrializados foi o açúcar, que contribuiu de maneira expressiva com a elevação de preços no grupo de adoçantes com alta de 24,47%.
No ano passado houve queda de 5,61% na categoria Produtos In Natura, com destaque para a redução dos legumes (-24,49%), diante da redução nos preços de tomate (-26,86%), pimentão (-20,65%), cenoura (-2,75%) e da redução nos preços de tubérculos (-28,12%), com a queda de preços na batata (-11,78%). “Assim, as altas expressivas verificadas ao longo do primeiro semestre foram revertidas e houve desaceleração em diversos itens. Em alguns casos houve redução dos preços diante de uma maior disponibilidade, principalmente, dos itens de legumes. As junções desses fatores possibilitaram a deflação do grupo de Produtos In Natura contribuindo para um comportamento mais favorável dos preços nos supermercados em 2016”, explica a Apas.
Carnes, leite e cereais
Os preços das Carnes, Leite e Cereais (Semielaborados) registraram alta de 6% em 2016, porcentual abaixo do Índice Geral do IPS que foi de 7,93%, e esse comportamento foi influenciado pela desaceleração dos preços das Carnes Bovinas (0,07%) e redução dos preços da Carne Suína (-2,39%). Já os demais itens puxaram os preços para cima, como é o caso de Leite (8,44%) e de Cereais (18,97%).
Os preços das bebidas alcoólicas apresentaram alta em 2016, com variação de 7,91%, reflexo da elevação no preço da vinho (23,99%). As bebidas não alcoólicas registram alta de 10,93%, diante da elevação, principalmente, do refrigerante (14,89%). O aumento de impostos impactou em elevação de preços com reflexos nas vendas desta categoria.
Os preços dos produtos de limpeza apresentaram alta de 10,23%, impactados principalmente pela elevação nos preços do sabão em pó, com variação de 12,60%. Os artigos de higiene e beleza apontaram alta de 7,70%, impactados pela alta nos preços do sabonete (10,37%) e do creme dental (11,51%).
Dezembro
Em dezembro, em que a alta geral do IPS foi de 0,53%, as variações negativas estiveram presentes em 46,85% dos itens, de acordo com o índice de difusão (proporção das variações de preços negativas), ficando acima da média para os últimos 24 meses, que é de 36,56%.
Na avaliação desde a criação do Plano Real, em 1994, o IPS/Apas apresenta variação acumulada de 220,61%, o IPCA/IBGE tem alta de 457,07%, o IPC-Fipe tem aumento de 347,39% e o IPA/FGV tem variação de 639,78%. Assim, a evolução dos preços ao longo dos anos aponta uma elevação mais moderada no setor supermercadista, diante de sua característica de concorrência, em que os ganhos de eficiência e produtividade aliados às constantes negociações junto à indústria possibilitam preços mais competitivos para serem ofertados aos consumidores.
“A perspectiva para 2017 é de elevação mais moderada nos preços para diversas categorias quando comparadas com o comportamento de preços em 2016. Diante disso, a inflação em 12 meses até dezembro de 2017 deve se manter em torno de 6% a 7%”, destaca Mariano em nota.