O diretor de política econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, disse nesta quinta-feira, 13, em resposta a perguntas sobre a trajetória da inflação, que em junho de 2012 a alta de preços estava em 4,9%, passando em junho de 2013 para 6,7%, mas com projeção de que chegue a 5,4% em junho de 2014, segundo o último Relatório de Inflação da autoridade monetária, divulgado em dezembro de 2013.
Ele acrescentou ainda que, no mesmo documento, a projeção mostra a inflação em 5,3% no fim de 2015, depois de uma “ligeira volta no fim de 2014, para 5,6%. “A inflação está se deslocando em direção à meta”, disse. “A convergência é possível nesse horizonte, em torno de dois anos, mas não está refletida nas projeções. Nada impede que mais à frente esse cenário seja mais provável”, completou. A meta de inflação do governo é de 4,5% para 2014 e 2015.
Hamilton reforçou a visão de que os preços administrados devem subir 4,5% neste ano e no próximo, projeção esta que já “inclui os preços de energia e combustíveis”. Sobre o impacto da desvalorização do real ante o dólar, ele disse que uma estimativa razoável é que 10% de alta do dólar se traduza em 50 a 60 bps de inflação. “A depreciação cambial traz pressões de curto prazo para a inflação, mas é bem-vinda, pois corrige desequilíbrios.” Ele disse ainda ser “plausível dizer que ainda há resquícios” de repasse para a inflação do cambio.
Sobre a questão fiscal, a visão do BC, diz Hamilton, é de que “quanto mais disciplina fiscal, melhor para o combate à inflação”. E repetiu que a hipótese com que o BC trabalha é de neutralidade no balanço do setor público. Por fim, repetiu trecho da ata em que afirma ser oportuna moderação na concessão de subsídios por meio de crédito.
Consumo
A respeito dos resultados do varejo em dezembro divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE, que mostraram queda de 0,2% das vendas, Carlos Hamilton disse que ‘não gosta de olhar para dados de alta frequência’. Segundo ele, olhando para um período mais longo, com dados acumulados em doze meses, os números mostram que o desempenho do varejo é “praticamente estável”. Em 2013, o avanço foi de 4,3%. “A economia brasileira está em período de transição com consumo crescendo a taxas menores”, disse. Ele ressaltou ainda que há redução no crescimento do custo de mão de obra.
“Moderação no crescimento do custo de mão de obra, câmbio depreciado, alguns incentivos que ainda estão presentes e investimento em infraestrutura devem estimular a oferta nos próximos anos. No horizonte relevante, teremos uma composição do crescimento melhor do que tivemos recentemente”, disse.