O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, citou nesta quinta-feira, 10, durante palestra em evento promovido pela Universidade do Chile, o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, cuja alta acumulada em 12 meses foi de 7,87%. “A inflação acumulada de outubro foi de cerca de 7,8%. A inflação está baixando muito rápido”, afirmou.
Segundo ele, a intenção do BC é fazer a inflação retornar para a meta de 4,5% em 2017 e em 2018, mantendo o índice sob controle nos anos seguintes. “Já temos resultados, já nos animamos um pouco mais nos últimos seis meses”, comentou.
Goldfajn citou a melhora da confiança da indústria, “que estava baixa e subiu”, e também a melhora na confiança dos consumidores.
Durante a palestra, Goldfajn também expôs um gráfico com o movimento do câmbio no Brasil nos últimos meses. Ele destacou a volatilidade, mas ponderou que isso é “normal” em função do cenário externo.
“A bolsa de valores indica que os investidores esperam por um futuro melhor”, afirmou Goldfajn, que também destacou, em um gráfico, a queda das taxas de juros de 5 anos no Brasil. “A taxa de juros de 5 anos já baixou 525 pontos-base no Brasil”, disse.
Defesa dos ajustes
O presidente do Banco Central voltou a defender os ajustes econômicos no Brasil, como pré-requisito para a queda da inflação e o crescimento sustentável. “Há de se trabalhar e fazer as reformas enquanto temos a oportunidade”, afirmou Goldfajn.
Goldfajn voltou ainda a citar o chamado “interregno benigno” vivido pelas economias emergentes – um período favorável no exterior em que, segundo ele, o Brasil deve aproveitar para fazer as reformas necessárias. “Este ano tivemos um período em que o fluxo de capitais ajudou nossos ativos”, disse.
Em sua apresentação, ele destacou duas reformas principais a serem feitas pelo Brasil: a fiscal e a previdenciária. Segundo Goldfajn, as reformas fiscais são “uma das condições para recuperar a confiança” no País. Uma dos pontos importantes, de acordo com o presidente do BC, é a limitação dos gastos públicos, “um problema que o Brasil enfrenta há 30, 40 anos”.
Goldfajn destacou que a Câmara recentemente aprovou o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos, “com maioria dos parlamentares”, e disse que tudo indica que o Senado também aprovará a matéria.
A segunda reforma importante, citada por Goldfajn, é a da Previdenciária. Além disso, o presidente do BC citou a necessidade de o País passar por reformas que elevem sua produtividade.
Ao explicitar o contexto atual vivido pelo Brasil, Goldfajn afirmou que o País passou recentemente por políticas “não adequadas” e que a crise “veio muito mais forte e rápida do que imaginávamos”. “Tivemos no País políticas que aumentaram a crise, e não a absorveram”, comentou o presidente do BC, para quem as políticas intervencionistas também levaram a um custo maior.
“Os preços administrados subiram e a inflação foi a 11%”, disse Goldfajn, ao citar o IPCA de 2015, que encerrou pouco abaixo deste nível. “Estamos trabalhando para que a inflação de 11% baixe para a meta de 4,5%”, acrescentou.
Ainda ao abordar a política econômica de anos anteriores no Brasil, Goldfajn destacou o aumento da dívida pública em função dos gastos fiscais. “Tivemos ainda uma crise política, não por coincidência. Não é coincidência termos crise econômica e política. Essas duas crises se autoalimentam”, afirmou.
Goldfajn deu nesta quinta palestra no seminário “Novos Desafios na América Latina”, organizado pela Universidade do Chile, em Santiago. Na sexta, ele permanece em Santiago, onde participa de evento promovido pelo Banco Central do Chile.