A queda na inflação tem contribuído para o aumento dos salários no setor industrial. Em julho, o crescimento da massa salarial foi de 9,33% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo os ?Indicadores Industriais? da CNI (Confederação Nacional da Indústria), divulgados ontem. ?O crescimento do salário é muito mais pelo efeito da inflação do que pelo dinamismo mais acentuado da atividade econômica?, explica Paulo Mol, da CNI.
Isso porque a redução da inflação aumenta o valor real dos salários, o que, conseqüentemente, aumenta o poder de compra do trabalhador.
Em junho, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) teve deflação de 0,11% e, no mês seguinte, uma inflação de apenas 0,03%. Dados divulgados ontem pelo IBGE apontam que o indicador ficou estável em agosto.
Anteontem, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgou que as negociações salariais no primeiro semestre foram as melhores para o período desde 1996.
No acumulado do ano, a massa salarial tem crescimento de 9,02% e em julho na comparação com junho – dado dessazonalizado, ou seja, desconsidera as características típicas de cada período – o aumento foi de 1,29%. ?É um crescimento gradual, mas ele é permanente.?
Desde 2003, o crescimento da massa salarial do setor é de cerca de 20%. No entanto, Mol lembra que a base de comparação estava muito reduzida.
Nível de emprego
Já o nível de emprego apresentou uma queda de 0,16% em relação ao mês anterior. É o pior resultado nesse tipo de comparação em 18 meses. Já na comparação com julho do ano passado há um crescimento de 3,94%. No acumulado dos primeiros sete meses do ano, está em 5,94%.
?A perda no ritmo de contratação e, mais recentemente, a demissão líquida de trabalhadores refletiram, com defasagem, o arrefecimento da atividade industrial no primeiro trimestre, em função do aperto monetário?, diz o documento da CNI.
Entre setembro do ano passado e maio deste ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central promoveu nove elevações na taxa básica de juros da economia, a Selic, que hoje está em 19,75% ao ano.
Mol lembra que apesar da queda registrada em julho ante junho e da CNI avaliar que a perspectiva de novas contratações não é tão grande, isso não é negativo, já que o resultado neste ano deverá ser melhor que em 2004.
?O emprego industrial está se arrefecendo porque cresceu muito. Isso não é negativo?, avalia.
No ano passado, o nível de pessoal empregado cresceu 3,5%, resultado recorde. A previsão para 2005 é que o indicador tenha uma expansão de 4,3%.