Inflação em 2006 é a menor desde 1998

Superando as previsões do mercado (de 0,16%), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro teve variação de 0,21% – contra 0,05% em agosto e 0,35% em setembro de 2005. O índice acumulou 2,00% no ano, quase a metade da taxa apurada em igual período do ano passado (3,95%). O acumulado do ano é o menor patamar desde 1998, mostrando tendência de queda, de acordo com o IBGE, que divulgou os números da inflação ontem de manhã.  

?Nos últimos 12 meses, a inflação está em 3,70% (contra 3,84% nos doze meses imediatamente anteriores) e a série histórica desde janeiro mostra tendência decrescente a cada mês. Não esperamos surpresas para os próximos meses, indicando que os números serão cada vez menores, rondando a casa dos 3%?, disse Eulina Nunes, coordenadora do Sistema de Índice de Preços do IBGE. A taxa acumulada em 12 meses é a menor desde junho de 1999. ?O cenário é bem confortável para a inflação?, avalia. A meta de inflação do governo para 2006 é de 4,5%, com margem de dois pontos porcentuais, para cima ou para baixo.

Segundo a coordenadora, o salto mensal da inflação medida pelo IPCA ocorreu por causa de reajustes concentrados e muito pontuais. ?A fisionomia de comportamento dos preços manteve-se inalterada. Há vários itens com preços estáveis e vários itens em queda?, comentou Eulina, acrescentando que ?para a frente não se espera surpresas, a inflação está bem comportada?.

Para Eulina, o dólar é o principal fator de contribuição para conter a inflação neste ano, com efeito nos preços dos produtos alimentícios e de outros itens importantes nas despesas das famílias, como artigos de higiene pessoal, artigos de limpeza e eletrodomésticos.

Influências

As principais influências sobre o IPCA foram as despesas com cigarros (de 0,00% em agosto para 2,72% em setembro), salários de empregados domésticos (de 2,26% para 1,97%), taxa de água e esgoto (de 0,51% para 1,89%) e artigos de vestuário (de 0,09% para 0,46%).

Enquanto os alimentos continuaram em relativa estabilidade de preços (0,07% em agosto e 0,08% em setembro), os produtos não-alimentícios se apresentaram em alta (de 0,04% para 0,24%). A maior contribuição individual no índice do mês (0,06 ponto percentual) veio do item empregados domésticos (1,97%), variação esta, mesmo assim, inferior à de agosto (2,26%). Nos últimos meses os salários dos empregados domésticos vêm expressando o impacto do reajuste do salário mínimo ocorrido no ano.

Na taxa de água e esgoto (1,89%) a alta é proveniente da região metropolitana de São Paulo (6,35%), onde o reajuste médio foi de 6,7%, a partir de 31 de agosto. Os cigarros (2,72%) refletiram reajuste ocorrido a partir de 7 de setembro, em determinadas marcas, em oito das onze regiões pesquisadas. Já os artigos de vestuário (0,46%) subiram de um mês para o outro diante da plena comercialização da nova coleção no mercado.

A gasolina (-0,05%) praticamente manteve seus preços inalterados, enquanto o litro do álcool (-3,76%) ficou mais barato. Já o grupo alimentação e bebidas (0,08%), mesmo mostrando estabilidade de preços, teve alguns itens em alta: tomate (17,33%), frango (5,27%), carne-seca (4,81%), pescado (2,46%) e carnes (2,32%). Mas a maioria dos produtos alimentícios ficou mais barata.

O maior resultado regional foi no Rio de Janeiro (0,41%). Os menores índices ocorreram em Brasília (-0,01%) e Belém (0,03%). Curitiba registrou o terceiro maior índice nacional: 0,25%. O IPCA se refere ao custo de vida para famílias com rendimento monetário de 1 a 40 salários mínimos.

IBGE projeta INPC novamente abaixo do IPCA

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou variação de 0,16% em setembro, acima do resultado de agosto (-0,02%). O acumulado do ano (1,32%) ficou bem inferior ao de agosto do ano passado (3,47%), e o dos últimos doze meses (2,86%) manteve-se praticamente inalterado em relação aos doze meses imediatamente anteriores (2,85%). Em setembro de 2005 o índice fora de 0,15%.

No INPC do mês, os produtos alimentícios apresentaram variação de 0,09% enquanto os não-alimentícios aumentaram 0,19%. O maior índice regional foi registrado no Rio de Janeiro (0,34%), e os menores foram em Belém (-0,14%) e Brasília (-0,18%). Curitiba registrou a terceira maior variação pelo INPC: 0,26%.

O INPC, inflação calculada para a camada de renda mais baixa da população, com rendimento de um a seis salários mínimos, deverá ficar mais uma vez abaixo do IPCA em 2006, repetindo o que já ocorreu nos dois anos anteriores. A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, disse que a diferença entre os dois índices ocorre especialmente porque os produtos alimentícios, que estão contribuindo muito para conter a inflação em 2006, têm peso ainda mais forte no INPC do que no IPCA. Em 2005, o IPCA fechou o ano em 5,69% e o INPC, em 5,05%. Em 2004, o IPCA ficou em 7,60% e o INPC em 6,13%.

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