Na ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta quarta-feira, 14, os membros do colegiado anteciparam que a inflação acumulada em 12 meses deve atingir um pico no curto prazo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses até abril ficou em 4,94%, a maior variação em 12 meses desde janeiro de 2017, quando o IPCA acumulou alta de 5,35%.

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O BC avaliou, no entanto, que o ritmo de alta de preços deve recuar à frente para encerrar 2019 em torno da meta para o ano (4,25%).

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“A consolidação desse cenário favorável, com inflação nas metas no médio e longo prazos, depende do andamento das reformas e ajustes necessários na economia brasileira, que são fundamentais para a manutenção do ambiente com expectativas de inflação ancoradas”, enfatizou o colegiado.

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O Banco Central voltou a avaliar que a conjuntura econômica – com expectativas de inflação ancoradas e elevado grau de ociosidade na economia – prescreve política monetária estimulativa, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.

“O grau de estímulo adequado depende das condições da conjuntura, em particular, das expectativas de inflação, da capacidade ociosa na economia, do balanço de riscos e das projeções de inflação. Em especial, a provisão de estímulo monetário requer ambiente com expectativas de inflação ancoradas”, enfatizou o BC no documento.

Riscos simétricos

O Banco Central voltou a registrar nesta terça, por meio da ata do encontro da semana passada do Copom, que seu balanço de riscos para a inflação continua simétrico, assim como na ata da reunião de março. Até o encontro de fevereiro, o colegiado avaliava o balanço como assimétrico, com peso maior para os riscos inflacionários.

No comunicado da semana passada, quando manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 6,50% ao ano, o Copom destacou, porém que o risco associado à ociosidade dos fatores de produção se elevou na margem.

Na ata desta terça, o colegiado voltou a afirmar que existem fatores de risco em ambas as direções: a desinflacionária e a inflacionária. No primeiro caso, o BC repetiu que “o nível de ociosidade elevado pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado”.

No caso dos riscos inflacionários, o BC repetiu que “uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária”. Além disso, a instituição lembrou que o risco ligado às reformas “se intensifica no caso de deterioração do cenário externo para economias emergentes”.

Mesmo com a elevação do risco associado à ociosidade dos fatores de produção, a visão trazida pela ata e pelo comunicado da semana passada é de que os riscos desinflacionários e inflacionários seguem tendo o mesmo peso – daí a simetria.

Preços administrados

O Banco Central alterou suas projeções para a alta dos preços administrados em 2019 e 2020, conforme a ata do último encontro do Copom. Para este ano, o índice calculado passou de 5,1% para 5,3% no cenário de mercado. No caso do próximo ano, o porcentual passou de 4,7% para 5,0%.

As estimativas anteriores constavam na ata do encontro de março do Copom. O cenário de mercado utiliza como parâmetros as projeções para câmbio e juros do Relatório de Mercado Focus.

No cenário de referência, que utiliza como parâmetros câmbio constante a R$ 3,95 e juros constantes a 6,50% ao ano, a projeção para a alta dos preços administrados em 2019 passou de 5,4% para 5,6%. No caso de 2020, foi de 4,8% para 5,1%.

Na segunda-feira, o Focus indicou que a estimativa para 2019 no mercado financeiro é de elevação de 5,25% dos administrados. Para 2020, a expectativa está em 4,30%.

As projeções para os preços administrados ajudaram a formar a base para que o colegiado mantivesse na semana passada a Selic (a taxa básica de juros) em 6,50% ao ano. Foi o nono encontro consecutivo em que o colegiado não alterou a taxa básica.