O aumento das expectativas em relação à inflação, as eleições presidenciais de outubro e a escalada do dólar são apontadas pelo Banco Central em seu Relatório de Estabilidade Financeira (REF) como episódios que poderiam ter afetado a saúde dos bancos no segundo semestre de 2014. Internamente, diz o relatório do BC, somaram-se os desafios impostos pelos resultados fiscais, pela persistência de elevadas expectativas de inflação, pelo baixo crescimento econômico e pelas incertezas associadas às eleições presidenciais.

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Assim como nas atas do Copom, o REF trouxe também a intensificação dos ajustes de preços relativos na economia, como o – realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres. Com isso, de acordo com o documento, o balanço de riscos para a inflação tornou-se menos favorável.

O REF lembra que o BC aumentou a taxa básica de juros em 3,75 pontos percentuais (p.p.) entre abril de 2013 e abril de 2014, para 11,0%, e voltou a elevar a taxa Selic a partir do final de outubro de 2014, atingindo 11,75% em dezembro. Em dezembro, citou o relatório, o BC anunciou a extensão, com ajustes, do programa de leilões de câmbio. “Diante desses condicionantes externos e internos, as taxas de juros domésticas apresentaram grande volatilidade; a partir de setembro, a taxa de câmbio registrou desvalorização, e o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) reverteu a tendência de alta.”

A intermediação de crédito feita por instituições não bancárias – o shadow banking – é pequena no Brasil e por isso, avalia o BC, o risco de contaminação dos bancos brasileiros é pequeno. Segundo o diretor de Fiscalização e Regulação do Banco Central, Anthero Meirelles, o mercado shadow banking no Brasil é pequeno e regulado, por isso o risco de contaminação para o Sistema Financeiro Nacional é baixo. Pelo conceito amplo, o tamanho do shadow banking no Brasil é de R$ 2,6 trilhões. Retirando-se algumas operações, tem-se o conceito restrito, que, no Brasil, tem tamanho de R$ 382 bilhões. São classificados como shadow banking operações que têm características de operações bancárias, mas que não são bancos.

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No conceito amplo estão, por exemplo, fundos de ações. Ao se retirarem algumas operações, o que sobram são instrumentos como corretora de câmbio, FIDCS abertos e sociedade de capitalização, entre outras. O diretor enfatizou, porém, que no Brasil, todos os componentes do shadow banking são regulados pelo BC, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ou ambos.