Rio – Pela segunda vez consecutiva, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) atingiu o maior porcentual desde agosto de 1994 (quando ficou em 7,56%). O IGP-M de novembro, que fechou em 5,19%, ainda sofre o efeito do repasse cambial disseminado nos preços do atacado, sendo que a pressão da continuidade na alta do dólar também já pode ser observada nos preços do varejo, segundo o economista da FGV Salomão Quadros. Apesar da disparada dos preços, ele disse que “a inflação não está descontrolada”. Em outubro, o IGP-M havia atingido 3,87%.
Com os resultados divulgados ontem, o IGP-M passou a acumular uma alta de 20,78% no ano e de 21,05% em 12 meses. Quadros informou que, dentro do Índice de Preços por Atacado (IPA) – que atingiu 6,73% em novembro, também maior alta desde agosto de 1994 (7,87%) – o grupo Alimentação cresceu 12,28%. No IGP-M de outubro, o mesmo grupo tinha registrado alta de 6,7%.
Segundo Quadros, é importante ressaltar que, dentro do IPA, que representa 60% do resultado total do IGP-M, alguns segmentos mostram recuo de outubro para novembro. É o caso de itens no início da cadeia produtiva, como matérias-primas brutas que fecharam novembro com alta de 5,85%. No mês passado, este item cresceu 8,46%. Em termos de produtos, as mais expressivas altas foram verificadas nos preços de bovinos (9,06%), ovos (23 79%), milho (24,45%) e óleo diesel (6,9%). O economista observou que pode estar havendo um recuo nos preços de itens menos elaborados, no âmbito do atacado, e uma aceleração nos preços de itens com maior valor agregado. Isso refletiria a recente desaceleração do dólar. Segundo a FGV, no período de coleta do IGP-M de novembro, que foi do dia 21 de outubro a 20 de novembro, o dólar médio foi de R$ 3,656, o que representa uma queda de 3,36% em comparação com o dólar médio do IGP-M do mês anterior (R$ 3,783).
Varejo
Quadros observou que a aceleração de preços no varejo é preocupante. Segundo ele, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) atingiu alta de 2,51%, a maior desde julho de 1995, quando o IPC tinha subido 3,12%. Ele explicou que desde 1996 não se via o IPC crescendo acima de 2% no âmbito do IGP-M. “Isso é muito raro”, alertou.
Mais uma vez o grupo alimentação foi um dos grandes responsáveis pela alta de preços no varejo. Este segmento cresceu 4,73% no IPC de novembro, ante a alta de 1,53% registrada no IPC de outubro. Outro grupo que teve alta de preços expressiva foi o de transportes, que subiu 3,93% em novembro, ante 1,10% do mês anterior.