Inflação deve ficar em 6,1% em 2014, diz Hamilton, do BC

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, recorreu às projeções do cenário de referência do relatório de inflação de março para ressaltar que a inflação deverá subir 6,1% neste ano e 5,5% em 2015. Ele destacou que as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) indicam um patamar alto, mas que a tendência é de recuo no horizonte relevante à política monetária, que são dois anos à frente. Ele fez os comentários durante apresentação do Boletim Regional do BC, no Recife, na manhã desta quinta-feira, 8.

“A inflação no nosso cenário permanece elevada, mas terá uma melhor composição”, destacou. “Está em curso o processo de realinhamento dos preços administrados”, disse. Ele ponderou que esta categoria de preços deve subir 5% neste ano. No ano passado, esse indicador registrou uma expansão próxima a 1,5% em 2013, segundo disse há dois dias o presidente do BC, Alexandre Tombini.

Nos dois pronunciamentos de Tombini e de Araujo feitos em 48 horas não foi feita nenhuma avaliação negativa sobre a dinâmica destes preços controlados pelo governo. No relatório de inflação de março deste ano, foi destacado que estes preços são “uma cesta, em parte, composta por bens e serviços não comercializáveis – (que) encontram-se desalinhados, em patamares baixos. No dia 16 de abril, Hamilton destacou que, “há alguns anos, entretanto, os preços administrados têm variado menos do que os preços livres. Aparentemente o mecanismo de correção não tem sido efetivo e a distância entre os dois indicadores tem se alargado.”

Hedge

O diretor do BC afirmou que “o programa de provisão de hedge cambial tem funcionado bem”, e destacou que ele “se estende” até 30 de junho. “Não tenho nada a adicionar sobre este assunto”, disse. Ele não destacou se o programa será encerrado ou estendido além daquela data.

Ele descreveu alguns fatores que dão confiança ao BC de que a tendência da inflação é de recuo no horizonte relevante para a política monetária, vale dizer oito trimestres à frente. “A visão de que o choque de alimentos seria temporário tem sido apoiada por evolução dos preços, especialmente do IPA – agrícola”, destacou. Se de um lado Hamilton destacou que a depreciação cambial registrada no Brasil nos últimos tempos gerou impactos de alta de preços, ele ressaltou que isso é “processo” que deve ser visto de forma natural.

Contudo, ele indicou que a diminuição da magnitude da desvalorização do real ante o dólar seria um contraponto benéfico à inflação. “Vimos de 2011 para 2012 que o câmbio médio depreciou perto de 17%”, apontou. No ano passado, essa desvalorização ficou próxima a 10% e desde janeiro deste ano “até agora” o câmbio médio registrou variação em torno de 8%.

Além destes fatores, Hamilton ponderou que há um cenário em curso de “certa moderação” do mercado de trabalho e de crédito, o que é reforçado por alguns indicadores, como a evolução dos salários. Ele ressaltou, contudo, que isto ocorre em função de a taxa de desemprego estar nas mínimas marcas históricas e que a concessão de financiamentos na economia desacelerou, mas apresenta boas marcas. O BC estima que a concessão de crédito deve crescer ao redor de 13% neste ano.

Hamilton: nossa visão é que economia brasileira está passando por um processo de transição –

Recife, 8/5/2014 – O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araujo, afirmou que o Brasil passa por “processo de transição”, de uma nova combinação dos componentes de demanda e oferta, que levarão no futuro o País a taxas mais avançadas de crescimento.

Perguntado pelo Broadcast porque a inflação está alta e o PIB abaixo do potencial, dado que o IPCA atinge 6,15% no acumulado em 12 meses, enquanto o BC projeta uma expansão do Produto Interno Bruto de 2% para este ano, ele explicou: “Nossa visão é de que a economia brasileira está passando por um processo de transição. As taxas de crescimento tendem a não ser tão elevadas como a gente viu há algum tempo”, ponderou.

“A tendência é que vejamos uma composição diferente da demanda e oferta. O consumo tende a continuar em crescimento, mas em ritmo mais moderado. Em contrapartida, investimentos e exportações tenderiam a ganhar impulso”, detalhou. “Os serviços tendem a crescer menos e a indústria e agropecuária, a ganhar competitividade”, disse. “Uma vez vencida esta transição, certamente teremos composição melhor de crescimento”, destacou. O diretor fez os comentários durante apresentação do Boletim Regional do BC na capital de Pernambuco.

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